• 50 anos da independência da Guiné-Bissau: o balanço de Domingos Simões Pereira

  • Sep 23 2023
  • Duración: 27 m
  • Podcast

50 anos da independência da Guiné-Bissau: o balanço de Domingos Simões Pereira  Por  arte de portada

50 anos da independência da Guiné-Bissau: o balanço de Domingos Simões Pereira

  • Resumen

  • A Guiné-Bissau comemora este domingo os 50 anos da sua independência. Neste quadro, a RFI propôs ao longo da semana uma série de reportagens e entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Hoje, no 12° capítulo desta série, o nosso convidado é Domingos Simões Pereira, actual líder do PAIGC, partido que outrora conduziu a luta de libertação. Ao admitir que a herança da luta pode revelar-se pesada, um processo de reconciliação sendo a seu ver necessário, Domingos Simões Pereira começa por aludir à época da guerra de libertação e ao assassínio de Amílcar Cabral, momentos que se confundem com os seus primeiros anos de vida."Eu tinha 10 anos na altura e todo o ambiente envolvente, eu estava em Cacheu, eu ainda estudava na quarta classe, e de repente todo o ambiente era bastante sombrio. a própria movimentação das tropas que estavam de alerta, o comportamento do administrador local, do agente da PIDE, tudo fez-nos perceber que algo de muito grave estava a acontecer. Levou algum tempo, pelo menos foi no final do dia, que algumas pessoas que tinham acesso à Rádio Libertação e à rádio de Conacri começaram a dar-nos algumas pistas, mas era muito curioso porque quando se falava disso, o que se dizia era que a guerra estava próxima do fim. Era óbvio que todos nós nem ousávamos sonhar que um dia a guerra chegaria ao fim. De repente, essa possibilidade de ser associada ao facto de aquilo que viemos a descobrir a seguir, ao desaparecimento físico de alguém, aí ganhamos alguma ideia sobre a dimensão dessa pessoa", começa por recordar o responsável político.Questionado sobre o ambiente que se viveu depois da independência, Domingos Simões Pereira recorda o momento em que começou a caça aos agentes da PIDE. "Eu vivia num bairro onde curiosamente estavam concentrados um bom número daqueles que foram acusados, digo que foram acusados porque naquela altura muita gente foi acusada e depois veio-se a provar que não tinham essa ligação. Houve até elementos que se veio a dizer que eram do PAIGC e que, como forma de poderem fazer o seu trabalho se faziam passar por agentes da PIDE, e que foram acusados. Não conheço propriamente a sorte deles", conta Domingos Simões Pereira para quem o país "precisa de um processo de cura, de pacificação". Na sua óptica, esse processo "deveria passar por resgatar a história e tentar encontrar os elementos verdadeiros dessa história"."É preciso que todos os guineenses tenham consciência que uma luta de libertação envolve dinâmicas muito especiais. Há gente que serviu a administração colonial por força, por obrigação, não por opção. Há gente que foi para o lado do PAIGC, não pela sua consciência ideológica, mas porque estaria a fugir de outra realidade, há aqui muita coisa. Portanto, pretender no meio disso caracterizar uns de bons e outros de maus, foi realmente uma herança muito pesada", considera o também presidente da Assembleia Nacional Popular.Sobre os numerosos momentos de sobressalto e violência que o país atravessou nestas cinco décadas, o líder do partido que outrora conduziu o país para a independência, diz que continua a ter esperança no futuro."Eu subscrevo o sentimento daqueles que exigem e consideram que já podíamos ter feito mais. Há dias de frustração, há dias de alguma desolação, tudo isto existe. Mas depois, quando voltamos ao controlo do nosso ser, eu penso que é preciso compreender uma coisa: a natureza da colonização na Guiné-Bissau nunca olhou para este território como um território de desenvolvimento. Daí que, se por exemplo em Angola, a própria ideia que o colono teve do domínio de Angola fez com que desenvolvesse uma urbe e, associado a essa urbe, haviam outras condições, escolaridade, formação, aprendizagem, administração. No caso da Guiné, por aquilo que leio agora, porque as condições climatéricas não eram as melhores, porque o próprio território não era muito extenso para as culturas que poderiam ser mais interessantes, foi vista como uma colónia de exploração, mas uma exploração que também não dava grande coisa. Daí que o homem guineense foi desprovido do essencial. O essencial é a formação. Quando não se tem formação, quando não se tem a instrução que é necessária para poder construir um Estado, o que acontece é que o único modelo de Estado que os libertadores conheciam era o Estado que estavam a combater. Portanto dizer 'nós somos contra o Estado colonial era a parte mais fácil'. O Estado colonial sai, agora é preciso construir um novo Estado. Não sabemos qual. Então, cometemos muitos erros, cometemos muitas inversões de marcha sem saber exactamente qual o verdadeiro rumo a tomar", comenta o responsável político.Todavia, o líder do PAIGC opta por não emitir juízos severos sobre o passado. "Eu não posso olhar para trás, 50 anos decorridos, e achar que todos ...
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