Participam do episódio de encerramento Daniel Kupermann, Eugênio Canesin Dal Molin, Jô Gondar e os três jovens analistas Fernanda Fazzio, Gilberto Souza e Eric Romero. Nesta conversa, os convidados relatam como conheceram Ferenczi e as transformações que esse encontro provocou nas suas vidas como psicanalistas.

Neste episódio, o psicanalista Daniel Delouya comenta algumas das notas póstumas de Ferenczi que se voltam para o traumatismo e para a técnica de alcança-los e dissolve-los na análise. O traumatismo se deve ao choque na infância que aniquila o sentimento de si, isto é, destroça as bases da autoconservação e da identidade do sujeito que deveriam ser respaldados pelo entorno e garantir sua paz e sua segurança no ambiente. O traumatismo se relaciona com o amor primário, com a passividade absoluta em relação ao meio, que a confiança no mesmo foi gravemente abalada. A técnica de relaxamento pretende recorrer regressivamente aos momentos do engendramento de trauma e seus meios de defesa restabelecendo a confiança em si e dar um novo impulso para a vida.

Neste episódio, a psicanalista Hélia Borges comenta Thalassa: ensaio sobre a genitalidade, publicado em 1924. Ferenczi se inspira no texto de Freud Três ensaios da teoria da sexualidade, e propõe novas ideias sobre o processo de erotização. Utraquismo, anfimixia, autotomia e traumatogênese são temas recorrentes em toda sua obra, e aqui comparecem. A atualidade de seu texto é inegável e surpreende pela riqueza ideativa e transgressiva nos trazendo uma concepção do homem atravessado pelas forças de bios.

O episódio de hoje, apresentado por André Avelar, se debruça sobre dois pequenos textos de Ferenczi, ambos de 1932. Foram escritos em períodos bem próximos, com o intervalo de dois meses entre eles. Eles abordam, de modo bastante original e atual, o conceito de identificação. Trata-se de uma ideia problemática no pensamento freudiano, uma vez que é frequentemente circunscrita ao complexo de Édipo. No primeiro texto Ferenczi nos apresenta uma hipótese da identificação ligada ao arcaico, portanto anterior à experiência edípica; e no segundo a articula com a dimensão traumática, ideia tão cara ao autor. Estas leituras são de grande valia para pensarmos o lugar do analista frente às subjetividades contemporâneas, não referidas a uma lógica binária e heteronormativa.

Neste episódio, Ângelo Xavier, professor do curso de psicologia da UFCG e doutorando pela USP, faz uma leitura e interpretação do texto ''Neuroses de domingo'' de 1919. A partir de uma perspectiva de leitura da letra Ferencziana que capta a realidade e a força do autor em nossos dias.

O episódio de hoje é com a psicanalista Anette Blaya apresentando “O Sonho do Bebê Sábio” de 1923. Trata-se de um texto bem pequeno, onde o autor descreve um sonho, que aparecia com frequência nos relatos de seus pacientes. Neste sonho crianças muito pequenas, bebês de cueiro, apresentavam uma sabedoria e um conhecimento científico desproporcional à sua idade cronológica. Ferenczi entendia esses sonhos como sendo a realização de desejo das crianças pequenas de serem tão sábias, poderosas e inteligentes quanto os adultos que delas cuidavam. Desta forma elas teriam a autonomia que precisavam para não precisar depender de adultos não confiáveis.

Neste episódio, Priscila Frehse comenta o texto ''Contraindicações da técnica ativa'' de 1926, que consiste numa espécie de retomada crítica dos experimentos da técnica ativa, sobre os quais, Ferenczi vinha se debruçando nos últimos anos e que estão reunidos no volume 3 das obras completas do autor.

Nesse episódio, a psicanalista Fernanda Freitas apresenta um dos últimos trabalhos de Sandor Ferenczi publicados ainda em vida, no qual o autor faz um balanço dos avanços da técnica psicanalítica. Quase 100 anos depois, muito dos aspectos clínicos e teóricos discutidos aqui ainda reverberam na contemporaneidade.