• “Peniche foi uma grande escola” contra a ditadura

  • Apr 16 2024
  • Duración: 27 m
  • Podcast

“Peniche foi uma grande escola” contra a ditadura  Por  arte de portada

“Peniche foi uma grande escola” contra a ditadura

  • Resumen

  • “As cadeias eram centros de organização política” durante o Estado Novo e “Peniche foi uma grande escola”. Quem o diz é o historiador Fernando Rosas que conheceu as prisões do regime ditatorial português e contou à RFI os tempos de luta política contra o regime que tentava calar, prendia e torturava os opositores políticos. A repressão intensificou ainda mais a revolta dos presos que, atrás das grades, se prepararam “para continuar a luta”. Nos 50 anos do 25 de Abril, a RFI falou com vários resistentes ao Estado Novo. Neste programa, ouvimos o historiador Fernando Rosas."Peniche foi uma grande escola. A prisão do Forte de Peniche”, conta-nos o historiador Fernando Rosas que esteve preso, vários meses, em Peniche em 1972. Esta prisão política do salazarismo foi um marco do autoritarismo do Estado Novo, mas também um símbolo da oposição política. A cadeia do Forte de Peniche acabou por reforçar o que o salazarismo quis abafar. A resistência foi uma escola para muitos, como para Fernando Rosas, que se viria a tornar num dos mais reputados especialistas da história do Estado Novo.Fernando Rosas foi levado para a prisão do Forte de Peniche, depois de ter sido preso em Agosto de 1971 e condenado a 14 meses de prisão correccional. Esta era a segunda vez que o regime o prendia devido à sua actividade política. Um ano antes tinha fundado o partido MRPP e tinha participado na criação do Movimento Esquerda Democrática Estudantil.Quando foi para Peniche, encontrou João Pulido Valente, um dos fundadores da FAP [Frente da Acção Popular] que lhe disse que a prisão estava dividida entre os presos do Partido Comunista Português, de um lado, e os presos que não eram do PCP do outro. Por isso, ele só teria de pedir para ir para “o 2°B”. E avisou-o: "É aí que estão os homens do Golpe de Beja, os tipos dos movimentos de libertação nacional das colónias e os grupos de extrema-esquerda. E tu chegas lá e dizes: 'Daqui só saio para o 2°B', o segundo andar do pavilhão B. E foi exactamente o que eu fiz!"Foi no 2°B que Fernando Rosas entrou no que diz ser “uma espécie de universidade organizada”, com “grupos de trabalho, grupos de estudo”, em que se estudava “a história das revoluções, economia política, filosofia”, em que havia grupos de história e “cada um inscrevia-se no grupo que queria”.Aquilo era um colectivo plural de gente. Eram os homens do assalto ao Quartel de Beja, eram os homens do MPLA, eram os homens da Frelimo, eram os homens da FAP. Eu era do MRPP e, portanto, aquilo era um colectivo relativamente plural, muito solidário, com muita vontade de aprender. Foi um tempo extremamente frutuoso, até porque tínhamos tempo para estudar, para ler, para nos documentarmos, havia grupos de discussão. E, depois, quando havia lutas a fazer, nós uníamo-nos. (...) As cadeias eram centros de organização política. Quer dizer, nas cadeias, nós preparávamo-nos para continuar a luta a seguir, para nos informarmos, para nos documentarmos. Um ou outro desistia, mas a maioria das pessoas que saíam dali era para continuar. E assim foi comigo.Antes de ser levado para a cadeia do Forte de Peniche, Fernando Rosas passou pela tortura do sono nas novas instalações da PIDE, no reduto sul do forte de Caxias.Eu entrei directamente na tortura do sono e fiz logo oito dias seguidos sem dormir. Depois deixaram-me dormir. Deixaram-me ter uma visita com a família da parte da manhã e, mal acaba a visita, segunda vaga de tortura do sono! E depois a mesma coisa. Deixa dormir um dia, vem a família e terceira! Tive três sessões de tortura do sono. A que durou mais tempo foi essa de oito dias, e depois eles largaram-me.Mas eles queriam-me mesmo prender e queriam-me prender por muito tempo. Acusavam-me de estar ligado à fundação do MRPP, acusavam-me também de ligações à Esquerda Democrática Estudantil, mas não tinham elementos... Quer dizer, eu não tinha dito nada. Mas levaram-me a julgamento na mesma e eu fui julgado em Outubro de 1971 e fui condenado a 14 meses de prisão correccional. Ou seja, não me puderam aplicar a pena maior porque não conseguiram provar que eu tinha actividade clandestina e a actividade da Esquerda Democrática Estudantil era uma actividade estudantil. Ou seja, era ilegal, mas não visava derrubar “por meios violentos e não consentidos a ordem constitucional” como dizia a lei.Fernando Rosas envolveu-se, bem cedo, na luta contra a ditadura. Em 1960, participou na fundação da Comissão Pró-Associação dos Liceus; com 15 anos, em 1961, aderiu ao Partido Comunista Português e, em 1962, participou nas lutas estudantis. A primeira vez que foi preso foi no âmbito da crise académica de 1965, quando a PIDE deteve vários líderes estudantis a 21 de Janeiro. Tinha 18 anos e completou 19 na cadeia, depois de ter sido condenado a um ano e três meses de prisão correccional. Andava na Faculdade de Direito e ...
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