• 31 Sem título - 1966 - Óleo sobre tela - Coleção Fernanda Feitosa e Heitor Martins
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    O óleo sobre tela, sem título, de 1966, mede 136 por 130 cm, na vertical, e retrata, sobre fundo branco acinzentado, uma figura geométrica retangular preta, deslocada para a esquerda, de contorno irregular, impreciso e ligeiramente esfumado. O retângulo que está na vertical tem um prolongamento ou aba na parte superior esquerda. Mesmo com poucas cores, o retângulo preto que ocupa grande parte da obra, parece flutuar no espaço predominantemente branco.

    Observações curatoriais:
    A série de pinturas produzidas por Tomie na década de 1960 tem como um de seus pontos comuns a proveniência de estudos em colagens. Esses estudos permitiram à artista combinar três temporalidades num mesmo processo criativo: a coleta paciente de fragmentos de materiais gráficos existentes, o instante do rasgo e a duração da elaboração da pintura. O procedimento permitia aliar agilidade e espontaneidade.
    Para o crítico Miguel Chaia, o que é efetivamente único nesse processo de múltiplas traduções é o equilíbrio entre espontaneidade e controle, gesto e coreografia, plano e desvio. Tal qual na pintura em questão, a artista elabora uma potente dança entre o acaso e a decisão.
    Show more Show less
    3 mins
  • 30 Sem título - 1969 - Óleo sobre tela - Coleção Banco J.P. Morgan S.A.
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    O óleo sobre tela, sem título, de 1969, obra abstrata que mede 170 por 200 cm, na horizontal, mostra três grossas faixas na diagonal em formato de setas que apontam para direita, nas cores azul noite e cobalto, com contorno definido e nítido, deslocadas para esquerda. Finas linhas em azul cobalto e roxo dividem e acompanham o traçado das setas, enfatizando a sensação de movimento. Pinceladas em branco e roxo iluminam uma pequena área da parte superior esquerda. Uma estreita pincelada branca define a terceira seta à esquerda. As setas parecem estar em marcha e dirigem o olhar do espectador da esquerda para direita, como em uma dança.

    Observações curatoriais:
    Muitas das obras escolhidas pela curadoria para a mostra Tomie Ohtake Dançante guardavam a ideia de movimento, como se os elementos presentes na tela ou mesmo a gestualidade da pintora pudessem nos remeter ao deslocamento.
    Essa obra é um importante exemplar desse cinetismo. A artista se vale de poucas gradações de roxos sobre uma tela branca para repetir quase o mesmo gesto. Trata-se de diagonais que, como setas, direcionam o olhar do espectador da esquerda para a direita. Sua repetição alude ao ritmo e sugere um movimento que tende a preencher a tela em sua completude.
    Show more Show less
    3 mins
  • 29 Sem título - 1996 - Acrílica sobre tela - Coleção da artista
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    A acrílica sobre tela, sem título, de 1996, obra abstrata que mede 200 por 200 cm, mostra uma grande circunferência sobre fundo com diversas camadas nas cores marrom e azul celeste que se assemelha a um mosaico com pequenos fragmentos, formas irregulares aglomeradas como milhares de pequenos retalhos de tecido submersos em um grande tanque. No canto inferior direito, o contorno da circunferência é bem definido e destaca-se na cor vermelho vivo. O restante, em tons de laranja e marrom, é esfumado e ligeiramente translúcido, como se a figura circular, forma recorrente na obra de Tomie, fosse gradativamente se diluindo.

    Observações curatoriais:
    Nas palavras do curador e crítico Paulo Herkenhoff, a tinta acrílica permitiu que Tomie explorasse uma geometria aquosa, com traços pouco demarcados e limites em expansão.
    Nesta pintura em particular, o tema tratado parece ser a própria aparência aquosa desse círculo incompleto. Na composição, a artista experimenta as possibilidades de dissolução dos elementos ao longo desse círculo que, em sua diferença de tratamento e de gestualidade, sugere dinamicidade.
    Há na composição algo que se coloca em trânsito, é cíclica, e tem em si uma noção de duração. Por um lado, é possível ler a forma como um círculo que, gradativamente, ganha precisão e contornos definidos. A vivacidade de seus vermelhos sugere algo que, aos poucos, ganha destaque. Por outro, remete a uma forma que parece diluir-se no tempo. Como algo que se perde e se corrói.
    Show more Show less
    3 mins
  • 28 Sem título - 1961 - Óleo sobre tela - Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    O óleo sobre tela, sem título, de 1961, obra abstrata que mede 65 por 74,5 cm, na horizontal, mostra uma densa e escura figura ovalada com bordas imprecisas e sombreadas, e pinceladas circulares brancas, sobre outras camadas de tintas mais escuras que são reveladas por frestas e camadas mais ralas. A figura que lembra uma nuvem de fumaça amarronzada subindo no ar, está deslocada para a esquerda, e tem pinceladas alaranjadas que iluminam as formas escuras. Uma figura acinzentada menor com pinceladas circulares mais ralas, parece escapar da forma maior na parte superior. A obra de Tomie sugere, por vezes, um caráter cósmico e nos convida a observar essa obra nesta perspectiva.

    Observações curatoriais:
    Nas pinturas feitas no início da década de 1960, Tomie se vale de grande intensidade gestual e pouco controle projetivo, muitas vezes por meio de pinceladas lançadas, literalmente, de olhos fechados. O que está em cena aqui não são tanto composições visuais, mas são relações entre o que se dá a ver e o movimento implicado em sua realização. Comparando este trabalho com as outras pinturas cegas presentes na mostra, aqui a tinta se apresenta mais miscível e plástica. A forma preta arredondada se dá por efeito negativo, isto é, ela se configura a partir do momento em que não é sobreposta pela tinta branca. Outra particularidade são os movimentos circulares, pouco padronizados e pouco ordenados que Tomie utilizou, transmitindo agilidade na fatura e uma percepção mais próxima de borrões do que de sobreposições de camadas.
    Show more Show less
    3 mins
  • 27 Sem título - 1979 - Óleo sobre tela - Acervo Fundação Edson Queiroz
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    O óleo sobre tela, sem título, de 1979, obra abstrata que mede 100 por 100 cm, é dividido de forma irregular em quatro campos ou partes, em tons de azul claro acinzentado, preto, cinza texturizado e novamente azul claro acinzentado. As formas têm contornos precisos e definidos, desenhadas ou recortadas com linhas suavemente curvas. Em destaque, no centro da tela, uma das formas ou campo em tons de cinza e branco, com textura que imita a trama aberta de tecido linhado, desce imponente do topo para a base, mais fina em cima e abrindo-se na base. Na borda superior esquerda, um dos campos, em preto e ligeiramente triangular, com a base voltada para cima e a ponta afilada para baixo, parece invadir o espaço imaculadamente azul e acompanhar o desenho da figura esbranquiçada, enfatizando contornos e formas.

    Observações curatoriais:
    Até o início dos anos 1970, Tomie realizou pinturas em que parecia apostar essencialmente nas formas, previamente escolhidas, com as quais variava cor e proporção. Nesse período, porém, a artista passa a investigar a gravura, linguagem que teve grande impacto também na sua produção pictórica.
    A crítica e curadora Aracy Amaral aponta, na ocasião de uma mostra individual realizada em 1974, que as telas da artista passaram a ter uma execução serigráfica. Tomie renunciava, segundo a crítica, ao uso de matérias e texturas, para enveredar-se na exploração de áreas de cor. A serigrafia exigia formas definidas, com contornos bem marcados, que viriam a ser transpostos para suas telas.
    Outro elemento que surge nesse mesmo ano é a linha curva, provocando uma mudança radical nas telas da artista. Essas linhas passam não somente a definir formas, mas também sugerir paisagens e contornos corporais. Sua presença confere maior leveza e fluidez às pinturas.
    Show more Show less
    3 mins
  • 26 Sem título - 2005 - Acrílica sobre tela - Coleção Richard e Renata Klien
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    A acrílica sobre tela, sem título, de 2005, obra abstrata de grandes dimensões, com 200 por 400 cm, na horizontal, utiliza de forma quase monocromática, a paleta em tons que vão do vermelho vivo e intenso ao vinho escuro e fechado. É composto de formas alongadas, de linhas curvas, que ocupam quase toda a altura da tela. Na área mais central, um elemento na diagonal, lembra uma folha, e detém a maior quantidade de luz traduzida por pinceladas alaranjadas. A área de sombra, na extremidade direita, carregada nos matizes do vinho, também tem contorno sinuoso. Os espaços de fundo estão preenchidos com diversas camadas formando manchas pela diluição de tinta acrílica, que dá fluidez e transparência, permitindo a percepção de diferentes planos.

    Observações curatoriais:
    Este trabalho, de dois metros de altura por quatro metros de largura, apresenta dimensões maiores do que os trabalhos que Tomie costumava pintar à época. Outro dado relevante é se tratar de uma pintura de 1969 com tinta acrílica, técnica que passaria a ser predominante em meio às pinturas de Tomie somente em meados dos anos 1980. Diferentemente da tinta a óleo, a tinta acrílica traz a água como solvente, que permite maior fluidez e transparência, além de agilizar o tempo de secagem das pinceladas. Essas novas características permitem à artista testar em pequenas telas as variações de modos de jogar com a tinta e seu caráter aquoso. Um traço determinante dessa obra, além das linhas fluidas que delimitam suas formas, é a presença de diferentes gradações de vermelhos que lidam com a diluição e o preenchimento a fim de possibilitar a leitura de planos.
    Show more Show less
    3 mins
  • 25 Sem título - 1967 - Óleo sobre tela - Coleção particular
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    O óleo sobre tela, sem título, de 1967, obra abstrata que mede 156 por 117 cm, na vertical, mostra sobre fundo branco levemente acinzentado, uma figura curvilínea na cor vermelho vivo, com pinceladas carregadas de tinta que deixam evidenciadas as marcas das cerdas do pincel. A figura em semicírculo, com contorno levemente ondulado, invade a branquitude do fundo e ocupa a maior parte da obra. A faixa larga parece partir do canto superior esquerdo, passa pela lateral direita, desce estreitando e virando para esquerda afunilada. A parte central da curvatura possui sutil impregnação de tinta escura, conferindo áreas de iluminação e sombras que parecem formar um alto relevo na tela. Uma delicada e quase imperceptível linha branca invade timidamente o vermelho impactante, esgarçando-o.

    Observações curatoriais:
    Quando começa a utilizar colagens como estudo, a gama cromática das pinturas de Tomie não se expande significativamente: os fundos mantêm-se majoritariamente esbranquiçados, e sobre eles flutuam, em arranjos dinâmicos, elementos quase sempre pretos, amarelos, vermelhos e azuis.
    Essa reiteração de cores primárias pode ser vista no conjunto de obras que compõem o primeiro ato da mostra Tomie Ohtake Dançante. A opção por essas cores, que consolidaram-se como paleta comum a diversos abstracionismos, provém da sistematização das vanguardas construtivas. A esse uso de cor, soma-se uma geometria sensível, que esgarça os limites da precisão, para dar espaço à fluidez dos traços da artista.
    Show more Show less
    3 mins
  • 24 Sem título - 1961 - Óleo sobre tela - Coleção particular
    May 15 2023
    Audiodescrição:
    O óleo sobre tela, sem título, de 1961, pintura abstrata que mede 74 por 135 cm, na horizontal, em tons de branco, cinza e preto, é composta por pinceladas largas e fortes, a maioria ondulantes, o que confere a sensação de movimento, assemelhando-se ao incessante quebrar das ondas à beira-mar. Em algumas obras desse período, Tomie explora livremente o espaço, a tela é um campo experimental de ação. Aqui, a escala cromática é mínima, o branco predomina majestoso, mesclando-se aos tons sombreados de cinza e preto e, em alguns momentos, como no canto inferior direito, algumas sutis pinceladas na cor marrom aparecem misturadas aos tons mais frios.

    Observações curatoriais:
    O curador e crítico Paulo Herkenhoff é o responsável por consolidar o termo “pinturas cegas” para as obras feitas por Tomie Ohtake entre 1959 e 1962, que dispensavam o controle da visão, o planejamento prévio e princípios compositivos. Na abordagem do crítico, esse grupo de obras aborda relações de transparência e opacidade, evocação de luminosidade e construção da sombra. Além disso, propiciam um mergulho no tempo, na duração e no silêncio.
    Nesta pintura, em particular, é possível notar camadas de tinta que deixam ver uma base de tinta preta ao fundo. A tinta branca, e por vezes em tons sutis acinzentados, se acumula e testemunha o processo de enfrentamento da artista com a matéria, ao mesmo tempo que sugere conformações climatológicas e massas de ar em movimento.
    Show more Show less
    3 mins