Episodios

  • Francisco Pinto Balsemão
    Jan 6 2023

    Nasceu em Lisboa a 1 de setembro de 1937  e foi no jornalismo e na comunicação que, verdadeiramente, se encontrou a nível profissional: "Ainda hoje me considero jornalista. Tenho carteira profissional, tenho muito orgulho em tê-la, e tem o número 18" diz, aos 85 anos, o fundador do Expresso e da SIC. Estreou-se nestas lides no vespertino Diário Popular, "um jornal que infelizmente já desapareceu", do qual era acionista o seu tio Francisco Pinto Balsemão. Nascido em berço de ouro, mas ciente das responsabilidades sociais que isso lhe dava, o Conselheiro de Estado Francisco José Pereira Pinto Balsemão começou na política como deputado da Ala Liberal nos últimos anos do Estado Novo e, depois do 25 de Abril de 1974, fundador do PSD, deputado na Assembleia Constituinte e na Assembleia da República. Tornou-se primeiro-ministro depois da morte trágica de Francisco Sá Carneiro: "Foi um dos momentos mais tristes, mais trágicos, mais difíceis da minha vida. Tive de o enfrentar, e acho que fiz tudo o que podia para saber enfrentá-lo". Desta fase da vida política portuguesa, orgulha-se da "revisão Constitucional de 1982 e do avanço decisivo que conseguimos nas negociações para a entrada de Portugal na Europa". O único português com assento no Clube de Bildeberg é um verdadeiro homem dos sete instrumentos - incluindo umas incursões pela bateria e pelo piano - tem horror ao desperdício, não esquece o nome de quem traiu a sua confiança, gosta de jogar golfe e de aprender, gostava de ter tempo para ler mais romances e poesia, e sente que ainda tem "muito para fazer e para dar".

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    57 m
  • António Costa (2ª parte)
    Dec 29 2022

    Nasceu em Lisboa a 17 de julho de 1961, filho do poeta e escritor comunista Orlando da Costa e da jornalista Maria Antónia Palla que, desde cedo, se destacou na luta pelos direitos das mulheres. António Luís dos Santos Costa, 'babush' para a família e amigos muito antigos, recorda com saudade a "experiência extraordinária" que viveu no ciclo preparatório no Conservatório Nacional: "A escola era perto de casa e os meus pais queriam que eu tivesse educação musical, mas eu preferia jogar futebol. Não aprendi nenhum instrumento, um desperdício."  Adolescente de Abril, andou na rua "a ver a Revolução, o Caso República foi a primeira manifestação do PS" em que participou, pouco depois de ter acompanhado o pai a um comício de apoio ao general Vasco Gonçalves e não ter gostado do "ar quase religioso" com que os comunistas cantavam o Avante. Criado entre o Bairro Alto e São Mamede, andou de autocarro pela primeira vez quando se inscreveu na Faculdade de Direito de Lisboa. Foi aluno do atual Presidente e, Marcelo Rebelo de Sousa, deu-lhe um 17, a melhor nota que teve na licenciatura. Foi monitor na Faculdade, fez o estágio de advocacia no escritório de Jorge Sampaio e Vera Jardim - do qual era sócio o seu tio, Jorge Santos - mas cedo guinou para a política, sua verdadeira motivação, para a qual está talhado com uma vocação instintiva. Foi deputado, eurodeputado, líder parlamentar do PS - função da qual não gostou - mas adora "funções executivas". "Adorei ser presidente da Câmara, adorei ser ministro da Justiça, adorei ser ministro de Estado e da Administração Interna. Gosto muito das funções que atualmente exerço, portanto, tenho tido felicidade", confessa o primeiro-ministro. "Se os calendários eleitorais se cumprirem trabalharei com um terceiro Presidente", afirma. O futuro político será público quando o laico, intuitivo e hábil negociador António Costa achar oportuno anunciá-lo. O atual mandato é para cumprir até ao fim, garante o primeiro-ministro.

    Nota: esta entrevista foi gravada a 21 de dezembro de 2022.

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    39 m
  • António Costa (1ª parte)
    Dec 29 2022

    Nasceu em Lisboa a 17 de julho de 1961, filho do poeta e escritor comunista Orlando da Costa e da jornalista Maria Antónia Palla que, desde cedo, se destacou na luta pelos direitos das mulheres. António Luís dos Santos Costa, 'babush' para a família e amigos muito antigos, recorda com saudade a "experiência extraordinária" que viveu no ciclo preparatório no Conservatório Nacional: "A escola era perto de casa e os meus pais queriam que eu tivesse educação musical, mas eu preferia jogar futebol. Não aprendi nenhum instrumento, um desperdício."  Adolescente de Abril, andou na rua "a ver a Revolução, o Caso República foi a primeira manifestação do PS" em que participou, pouco depois de ter acompanhado o pai a um comício de apoio ao general Vasco Gonçalves e não ter gostado do "ar quase religioso" com que os comunistas cantavam o Avante. Criado entre o Bairro Alto e São Mamede, andou de autocarro pela primeira vez quando se inscreveu na Faculdade de Direito de Lisboa. Foi aluno do atual Presidente e, Marcelo Rebelo de Sousa, deu-lhe um 17, a melhor nota que teve na licenciatura. Foi monitor na Faculdade, fez o estágio de advocacia no escritório de Jorge Sampaio e Vera Jardim - do qual era sócio o seu tio, Jorge Santos - mas cedo guinou para a política, sua verdadeira motivação, para a qual está talhado com uma vocação instintiva. Foi deputado, eurodeputado, líder parlamentar do PS - função da qual não gostou - mas adora "funções executivas". "Adorei ser presidente da Câmara, adorei ser ministro da Justiça, adorei ser ministro de Estado e da Administração Interna. Gosto muito das funções que atualmente exerço, portanto, tenho tido felicidade", confessa o primeiro-ministro. "Se os calendários eleitorais se cumprirem trabalharei com um terceiro Presidente", afirma. O futuro político será público quando o laico, intuitivo e hábil negociador António Costa achar oportuno anunciá-lo. O atual mandato é para cumprir até ao fim, garante o primeiro-ministro.

    Nota: esta entrevista foi gravada a 21 de dezembro de 2022.

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    1 h y 3 m
  • António Guterres
    Dec 23 2022

    Nasceu em Lisboa a 30 de abril de 1949, aprendeu a ler antes de entrar para a escola,  matriculou-se no Instituto Superior Técnico decidido a ser investigador em Física, mas abandonou esse sonho no final da década de 60 do século passado com o trabalho de "ação social em três bairros da Alta de Lisboa - Valeira, Calçada e Bacalhau. Foi um choque profundo constatar níveis de miséria chocantes. Essa experiência criou-me um sentido de obrigação moral, depois de ver que uma parte substancial da população do país vivia em condições horríveis. Senti que poderia ser mais útil a fazer outras coisas. Foi assim que fiz a viragem para a política". Filiou-se no Partido Socialista poucos dias depois do 25 de Abril de 1974, e foi um grande organizador de manifestações nos tempos do PREC: "Aparecíamos às 17h00 junto à estação do Rossio, tapávamos a ligação entre o Rossio e os Restauradores, o pessoal começava a acumular-se para poder ir para o Metro ou para a estação, e nós começávamos a fazer discursos com megafones, a dizer que os comunistas iam fazer isto ou aquilo, e que era preciso irmos todos a Belém". Depois disso foi deputado, secretário-geral do Partido Socialista, primeiro-ministro, presidente da Internacional Socialista, Alto-Comissário para os Refugiados e Secretário-Geral das Nações Unidas, entre outros cargos. Católico, humanista, António Guterres, diz que ser Alto-Comissário das Nações Unidas para os Refugiados lhe permitiu "estar permanentemente em contacto com o terreno, ir aos pontos onde as pessoas estão em situações terríveis, tomar decisões que se traduzem em vidas salvas, crianças nas escolas, resposta a surtos de fome". "A única parte do meu futuro que me preocupa é acabar este mandato não apenas evitando o pior, mas tentando lançar as bases para que seja possível um multilateralismo mais eficaz do que aquele que temos hoje", abrindo assim o caminho para a paz e o fim da guerra.

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    48 m
  • Graça Freitas
    Dec 16 2022

    Nasceu no Huambo a 26 de agosto de 1957 e foi uma presença constante em casa dos portugueses nos tempos duros da pandemia, quando (quase) todos temíamos a propagação do coronavírus. A médica Maria da Graça Gregório de Freitas gosta de ser tratada por Graça -  "quando muito Dra. Graça" - não tem planos para o futuro e só gosta de "olhar para o passado colhendo o melhor" que lhe aconteceu, mas sem se demorar muito "porque o passado é passado". O curso de Medicina foi a sua terceira escolha, embora nunca tenha tentado concretizar nenhuma das duas primeiras opções em que pensou. Terminado o liceu matriculou-se na Faculdade de Medicina de Luanda, onde frequentou o primeiro ano. O curso dos acontecimentos ditou a vinda da família para Lisboa e foi nesta cidade que concluiu a licenciatura e fez a especialidade em Saúde Pública. Define-se como uma servidora pública, diz que se deu bem com o Almirante Gouveia e Melo na gestão da pandemia, porque ele coordenava a logística e ela (ou os seus serviços) decidiam o que a ciência deve decidir: "Portugal está bastante bem servido nas suas instituições públicas e privadas. Temos capacidade instalada para fazer face a crises como a que aconteceu". Apesar do balanço do passado recente ser positivo, a Dra. Graça deixa um alerta: "A grande prioridade é prepararmo-nos para as grandes mudanças que iremos enfrentar. Temos pela frente um enorme desafio demográfico com a questão do envelhecimento. É preciso perceber como se comportam as pessoas perante mudanças tão rápidas, tentar perceber o que a sociedade quer, até onde está disposta a ir para defender a saúde pública. Devíamos ter tempo para parar e pensar, para aprender lições com esta pandemia de forma a podermos estar mais preparados para a próxima".

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    42 m
  • José Milhazes
    Dec 9 2022

    Nasceu na Póvoa de Varzim a 2 de outubro de 1958, quando era criança queria ser padre missionário, frequentou o Seminário dos Combonianos durante três anos, mas um dia teve um sonho com Deus e Deus mandou-o sair do seminário: "Obedeci ao que Deus mandou., no dia seguinte fiz as malas e fui-me embora". O 25 de Abril de 1974 já tinha acontecido quando José Manuel Milhazes Pinto se matriculou no Liceu Eça de Queirós e aderiu à União dos Estudantes Comunistas. A militante do PCP, Helena Medina - mãe do ministro Fernando Medina - abriu-lhe a porta de um novo sonho, quando lhe perguntou se queria ir estudar para um país socialista. O rapaz aceitou sem hesitar e sem saber qual seria o destino. Fez a mala e partiu para Moscovo "no dia 10 de setembro de 1977, com a ideia de que seria possível construir uma sociedade melhor". Não encontrou o paraíso em Moscovo, mas conheceu a mulher com quem casou numa festa na residência de estudantes: "Só por isso valeu a pena ter ido para a União Soviética". Licenciou-se em História, estudou marxismo científico, assistiu ao colapso da União Soviética e, por causa do jornalismo, viveu na Rússia até 2015, ano em que regressou a Portugal. Passou uns maus bocados porque o trabalho escasseava e "tinha de dar de comer à família", mas a sorte bafejou-o no difícil ano de 2022, dez dias antes de começar a guerra da Ucrânia: "Publiquei "A Mais Breve História da Rússia", que deveria ter saído mais cedo, mas atrasou por causa da pandemia. Acabou por sair no momento certo, e fiquei muito surpreendido quando vi o livro no top durante muitas semanas". Ao sucesso do livro sucedeu-se o do programa que faz na SIC com Nuno Rogeiro e, aos 64 anos, o jornalista das barbas espessas e voz tonitruante começou uma nova etapa do seu caminho.

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    52 m
  • Ramos-Horta (2ª parte)
    Dec 2 2022

    Nasceu em Díli a 26 de dezembro de 1949, mas era bebé quando o levaram para a remota aldeia de Laclubar onde ninguém comunicava em português. Filho de uma timorense e de um filho de um sargento português que foi deportado para Timor pelo regime de Salazar, em 1936, na sequência da Revolta dos Marinheiros (Lisboa) contra o Estado Novo e a Guerra Civil de Espanha. O atual Presidente de Timor-Leste diz que "Xanana é o pai da pátria" timorense e sem ele "não teríamos um Timor independente". José Manuel Ramos-Horta aprendeu a falar português aos sete anos na Missão Católica de Soibada, fez o Liceu em Díli e quis ser jornalista. A história trocou-lhe as voltas e, aos 25 anos, já era ministro dos Negócios Estrangeiros do autoproclamado governo da Fretilin após uma declaração unilateral de independência de Timor-Leste, em 1975. No início de dezembro desse mesmo ano, a poucos dias da invasão indonésia, deixou Timor para um longo período de exílio, que repartiu entre Portugal, a Austrália e os Estados Unidos. Foi porta-voz da resistência entre 1975 e 1999, Prémio Nobel da Paz, em 1996 - com o bispo Dom Xímenes Belo -, ministro dos Negócios Estrangeiros depois da independência em 2002, primeiro-ministro, Presidente da República entre 2007 e 2012, eleito em 2022 para um novo mandato.  

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    30 m
  • Ramos-Horta (1ª parte)
    Dec 2 2022

    Nasceu em Díli a 26 de dezembro de 1949, mas era bebé quando o levaram para a remota aldeia de Laclubar onde ninguém comunicava em português. Filho de uma timorense e de um filho de um sargento português que foi deportado para Timor pelo regime de Salazar, em 1936, na sequência da Revolta dos Marinheiros (Lisboa) contra o Estado Novo e a Guerra Civil de Espanha. O atual Presidente de Timor-Leste diz que "Xanana é o pai da pátria" timorense e sem ele "não teríamos um Timor independente". José Manuel Ramos-Horta aprendeu a falar português aos sete anos na Missão Católica de Soibada, fez o Liceu em Díli e quis ser jornalista. A história trocou-lhe as voltas e, aos 25 anos, já era ministro dos Negócios Estrangeiros do autoproclamado governo da Fretilin após uma declaração unilateral de independência de Timor-Leste, em 1975. No início de dezembro desse mesmo ano, a poucos dias da invasão indonésia, deixou Timor para um longo período de exílio, que repartiu entre Portugal, a Austrália e os Estados Unidos. Foi porta-voz da resistência entre 1975 e 1999, Prémio Nobel da Paz, em 1996 - com o bispo Dom Xímenes Belo -, ministro dos Negócios Estrangeiros depois da independência em 2002, primeiro-ministro, Presidente da República entre 2007 e 2012, eleito em 2022 para um novo mandato.  

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    44 m