Episodios

  • Como somos justificados? - Filipenses 3.7-9
    Aug 31 2024
    Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo […] por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo e ser achado nele. (Fp 3.7-9)
    A vida, muitas vezes, diz respeito ao que devemos fazer para ganhar acesso ou aceitação. “O que eu tenho de fazer para entrar naquela escola? Para ganhar aceitação por esse círculo social? Para alcançar o status de executivo?” Por natureza, os humanos, portanto, se perguntam a mesma coisa sobre as realidades espirituais: “que farei [eu] para herdar a vida eterna?” (Lc 18.18, ênfase acrescentada).
    Muitas vezes dependemos de nossas atividades — comparecimento à igreja, oração, leitura da Bíblia. Sentimo-nos confiantes quando as cumprimos, e condenados quando não o fazemos. Vemos a Lei de Deus como uma escada que subimos para sermos aceitos por ele.
    Na passagem que antecedeu este versículo, Paulo acaba de relatar todo o “lucro” terreno em sua vida, herdado e alcançado, desde seu nascimento privilegiado até sua educação de elite. A pureza de seu pedigree nunca esteve em questão desde o dia de seu nascimento. Paulo diz essencialmente: Se esses fatores alcançam a aceitação de Deus, você pode ver que eu tinha todos eles. Eu garanti que todos os detalhes espirituais e religiosos estivessem corretos? Com certeza.
    Paulo uma vez pensou ser um milionário espiritual. Ele pensou estar avançando em santidade. Então, um dia, tudo mudou. Numa viagem de Jerusalém a Damasco, Paulo percebeu que estava espiritualmente falido — que nem sequer estava no caminho da santidade.
    O que deu esperança a Paulo? Na mesma jornada, ele encontrou o Jesus ressurreto e crucificado (At 9.1-19) e compreendeu a doutrina da justificação: Deus declara que o pecador é justo com base na obra consumada de seu Filho.
    Longe de ser uma escada, a Lei de Deus é mais como um espelho que nos mostra que estamos errados e não podemos nos colocar no lugar certo. Como Paulo, toda vantagem que antes considerávamos um lucro agora é vista como uma perda, um fracasso.
    Como você pode saber que Cristo o aceita? Não porque você vai a ele com uma justiça própria; antes, porque seu pecado foi transferido para a conta de Cristo, que não conheceu pecado, mas se tornou pecado por você, para que você pudesse receber a justiça perfeita dele (2Co 5.21). Você não pode acrescentar nada para ser justificado com Deus. Você não pode subtrair nada de ser justificado com Deus. A justificação é plena porque Deus dá aos crentes a justiça de Cristo, e é final porque depende unicamente do dom de Deus através de seu Filho.
    Agora que sabe que não pode perder sua entrada na vida eterna, você está pronto para desistir de tudo pelo bem daquele que obteve o seu acesso: reputação, riqueza, proeminência, status, posses. O que quer que você tenha pensado em ganhar, agora pode considerar com alegria a perda. Você está disposto a perder sua vida por Cristo, pois sabe que através de Cristo você ganhou a vida verdadeira. Do que você luta para desistir por Jesus? Deixe sua justificação ser o motor de sua obediência de todo o coração.
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  • Uma oração oportuna - Atos 4.29,31
    Aug 30 2024
    Agora, Senhor, olha para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua palavra […]. Tendo eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a palavra de Deus. (At 4.29, 31)
    Quando sentimos que nossa cultura está mais decididamente dando as costas ao Evangelho e se opondo mais ferozmente às afirmações das Escrituras, a questão natural é: o que fazemos? Nossa resposta não deve se basear no que é confortável, mas no que a Bíblia diz.
    A igreja primitiva não era estranha à agitação social. Sabendo que a esperança e a salvação poderiam ser encontradas na morte e ressurreição de Cristo, Pedro pregou destemidamente no Pentecostes, apenas algumas semanas depois de ter negado conhecer Jesus e ser seu seguidor (At 2.1-41). A pregação ousada de Pedro e dos outros apóstolos levou ao rápido crescimento da igreja — mas também levou a tumultos e perseguição para os crentes (vv. 1-22).
    Não é surpresa, portanto, quando lemos que eles elevaram suas vozes a Deus. Eles conheciam a oposição que enfrentavam, então oraram — com conhecimento, de maneira bíblica e ousada.
    “Agora, Senhor…” Se nos pedissem para terminar essa oração, provavelmente pediríamos a Deus que removesse as ameaças, sufocasse a oposição ou nos mantivesse longe da perseguição. No entanto, essa não era a oração dos primeiros crentes. Em vez disso, eles oraram para que declarassem o Evangelho “com toda a intrepidez”.
    A oração deles continua sendo oportuna. Sem dúvidas, a grande necessidade do momento na igreja de Jesus Cristo é simplesmente esta: coragem cheia do Espírito e centrada em Cristo. Estamos vivendo numa cultura moldada por uma mistura incoerente de opiniões e tensões. Nesse contexto, Deus nos chama a sair e dizer: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16). Ao proceder assim, faríamos bem em lembrar que no coração do Evangelho está a cruz. Se vamos anunciar a Palavra com ousadia, então declararemos, nas palavras de Isaías, que na cruz Jesus “foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5). Como Rico Tice aponta, isso exigirá que sejamos corajosos o suficiente para atravessar a barreira da dor e arriscar a hostilidade daqueles que discordam, a fim de encontrar fome entre aqueles em quem o Senhor já está trabalhando.
    Todo o Evangelho foi dado a toda a igreja para alcançar o mundo inteiro. Se você é um músico, engenheiro, fazendeiro ou farmacêutico, não importa; a responsabilidade de Deus para cada um de nós é anunciar sua Palavra, o mistério do Evangelho.
    Então, você está disposto a ser ousado o suficiente para orar por intrepidez? Não por uma vida fácil, confortável, saudável ou admirada, mas por uma vida de testemunho? Você tornará sua, diariamente, a oração da igreja primitiva, pedindo que pelo Espírito de Deus você seja cheio e encorajado a compartilhar seu Evangelho, custe o que custar, com um mundo que está desesperado pela verdade?
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  • Um nome como nenhum outro - Salmos 148.13
    Aug 29 2024
    Louvem o nome do Senhor, porque só o seu nome é excelso; a sua majestade é acima da terra e do céu. (Sl 148.13)
    Deus se fez conhecido para nós, tornando seu nome conhecido para nós. Quando pensamos no nome de Deus, devemos pensar em sua natureza — sua essência, seu caráter e seus atributos. Seu nome o diferencia de todos e de tudo o mais, representando tudo o que ele é.
    O encontro de Deus com Moisés na sarça ardente, registrado para nós em Êxodo 3, ressalta a relação entre o nome de Deus e seu caráter. Quando Moisés se aproximou da sarça, Deus o instruiu a tirar os sapatos de seus pés, pois estava pisando em terra santa. No diálogo que se seguiu, depois de ser ordenado a ir a Faraó e exigir a libertação dos israelitas, Moisés perguntou compreensivelmente: “Quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?” A resposta de Deus? “Eu Sou o Que Sou” (Êx 3.13-14).
    Deus usa o verbo ser — “Eu Sou” — para transmitir o seu nome. Ao usar esse verbo, ele distingue entre si mesmo e todos os falsos deuses, que deveriam se chamar “eu não sou”. Os ídolos são feitos por mãos humanas — ou, em nossos dias, muitas vezes dentro de nosso coração. Os artesãos os moldam em madeira, pedra ou marfim e os prendem em pedestais. No entanto, eles inevitavelmente caem e precisam ser corrigidos. Um ídolo exige nosso serviço, mas não pode salvar. Nunca cumpre o que prometeu.
    Entretanto, para o Criador dos confins da terra, é justificável e correto que ele seja conhecido como Eu Sou, pois ele é como nenhum outro. Ele não foi criado. Ele é completamente autoexistente. Ele é completamente autorrealizado. Ele não precisa de ninguém e de nada. O que ele sempre possuiu, ele ainda possui. Ele não tem nem começo nem fim. Ele cumpre todas as suas promessas. Ele é o Deus de vida e poder ilimitados.
    Devemos exaltar seu nome, e apenas seu nome, pois é para isso que fomos feitos. Todos nós lutamos para não nos curvarmos diante de ídolos — aquelas coisas criadas que adoramos e pelas quais fazemos sacrifícios por acharmos que elas nos trarão vida. Porém, se quisermos adorá-lo como devemos, nossos ídolos devem cair diante dele. Ele é o único Criador, o único Eu Sou — o único que governa a terra e o céu.
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  • Uma jornada de arrependimento - 1João 2.1
    Aug 28 2024
    Estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. (1Jo 2.1)
    O cristianismo depende da mensagem do perdão. Outras religiões podem oferecer moralismo. Elas podem oferecer métodos que nos ajudarão a arrumar nossa vida ou nos farão sentir que somos boas pessoas. O cristianismo, no entanto, é para os indignos, os perdidos, os aflitos e os pecadores. É para pessoas que precisam ouvir que podem ser perdoadas. Em outras palavras, é para todos.
    Do início ao fim, o Evangelho consiste no que Deus faz, não no que devemos fazer. É Deus, por sua misericórdia, que nos dá o desejo de até mesmo querermos ser perdoados — e é apenas quando colocamos nossa fé em Jesus que somos totalmente perdoados. Quando nos voltamos para ele em arrependimento e fé, somos capazes de olhar para trás e dizer que fomos salvos da penalidade do pecado. Tudo o que estava contra nós, tudo o que nos impedia de conhecer a Deus, tudo o que nos impedia de descobrir seu amor e sua bondade — toda a penalidade que merecemos — foi erradicado, apagado através da obra salvadora do Filho de Deus na cruz.
    Como crentes, então, podemos — devemos — nos alegrar com o fato de que o pecado não nos governa mais. No entanto, a realidade é que, em nossa vida terrena, ainda pecamos. Ainda erramos o alvo; ainda não conseguimos alcançar o padrão de Deus. E, quando o fazemos, o Maligno adora sussurrar: “Você é realmente salvo? Deus realmente vai lhe perdoar desta vez?” Ao que devemos responder: “Sim, eu sou; e sim, ele o fará, pois aquele que morreu por mim está neste momento advogando por mim”.
    Conhecer o perdão não é uma licença para pecar; na verdade, João escreveu com o propósito de “que não pequeis”. Quando pecamos, a alegria que encontramos em Deus começa a desaparecer. Embora ele continue sendo nosso Pai celestial, não deve ser surpresa que, se abrigarmos o pecado, deixaremos de desfrutar de todas as bênçãos que ele preparou para nós.
    E assim procuramos viver em obediência ao nosso Senhor e, no entanto, uma vez que não o faremos perfeitamente, também devemos viver em arrependimento diante do nosso Senhor. Jesus ressaltou a necessidade e a importância do arrependimento diário em João 13 quando, enquanto lavava os pés de seus discípulos, Pedro protestou e disse: “Nunca me lavarás os pés”. Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não tens parte comigo” (13.8). O perdão não é nosso até sermos lavados por Jesus, e então ele continua a nos lavar através de nosso arrependimento e fé diários.
    Um dia, você será levado para o céu e será salvo da presença do pecado. Porém, até esse grande dia, sua vida cristã deve ser uma jornada de arrependimento. Você foi salvo. Você será salvo. Todavia, por ora, dia a dia, você está sendo misericordiosamente salvo ao se arrepender e se voltar para Jesus.
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  • Encontrando favor - Gênesis 6.8
    Aug 27 2024
    Porém Noé encontrou favor aos olhos do Senhor. (Gn 6.8 NAA)
    O Noé da imaginação popular é um gigante espiritual, um herói da fé. Na verdade, porém, ele era apenas um homem comum. Ele era como todo mundo enquanto realizava suas tarefas diárias, ganhava a vida e criava seus filhos.
    Antes que a história de Noé se desdobre, somos informados de que “Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra e que era continuamente mau todo desígnio do seu coração; então, se arrependeu o Senhor de ter feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração” (Gn 6.5-6). Nenhuma distinção é feita aqui. Sem exceção, toda a raça humana estava envolvida na maldade — incluindo Noé.
    A questão é clara: todos pecaram. Todos estavam alienados de Deus. Todos devem enfrentar julgamento.
    “Porém Noé…” Pela graça de Deus, a realidade do pecado e do julgamento é sempre temperada por um “porém” divino. A graça de Deus, inexplicável e imerecida, foi estendida a Noé. Essa foi a única coisa que acabou por distingui-lo do resto da humanidade. Deus escolheu Noé e sua família para serem os destinatários de sua graça, estabelecendo um relacionamento com ele que não existia antes. Por causa dessa graça, Noé se tornou um “homem justo” que “andava com Deus” (Gn 6.9).
    Noé não podia reivindicar nada a Deus. Sem qualquer virtude de sua parte, e contra todas as probabilidades, Deus simplesmente interveio na vida de Noé.
    Muitas pessoas têm a impressão de que a graça não é encontrada no Antigo Testamento — a impressão de que, nos primeiros dias, era tudo fogo e enxofre, lei e julgamento, e que só quando Jesus chega é que a graça aparece. A realidade, porém, é que a graça não apenas precede a Criação, mas também se desdobra no meio dos julgamentos ao longo da história e em todas as páginas da Bíblia.
    E, em toda a Bíblia, a graça se manifesta. Noé construiu um barco em obediência às palavras de Deus quando as palavras de Deus eram tudo o que ele tinha para continuar. Quando experimentamos a graça em toda a sua plenitude, ela nos diminui e exalta a Deus. Isso nos faz perceber que a vida toda diz respeito a ele e à sua bondade para conosco. Isso nos leva a confiar em sua Palavra e obedecer a seus mandamentos.
    A única coisa que distingue você da cultura ao seu redor é a mesma coisa que distinguiu Noé das pessoas de sua época: o favor imerecido e generoso de Deus. Portanto, esteja em guarda contra o orgulho espiritual, tanto quanto contra o compromisso mundano. Nenhum de nós é inteligente o suficiente para entender a ideia de salvação ou bom o suficiente para merecer a alegria da salvação. Você e eu não somos merecedores — mas, ainda assim, Deus interveio. Só quando a graça de Deus apertar nosso coração, nós, como Noé, andaremos no caminho do nosso Criador em vez do caminho do nosso mundo, e viveremos em humildade obediente e esperança confiante. Apenas a graça tem esse efeito.
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  • O Salvador paciente - Marcos 4.38-40
    Aug 26 2024
    Eles o despertaram e lhe disseram: Mestre, não te importa que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. Então, lhes disse: Por que sois assim tímidos?! Como é que não tendes fé? (Mc 4.38-40)
    Quando a tempestade se alastrou e os discípulos temeram, Jesus demonstrou não apenas paz, mas também paciência em sua resposta a eles.
    Eles o acusaram de não se importar que estivessem perecendo. No entanto, sua repreensão não era para eles, mas para o vento e as ondas. Isso é notável. Nenhum mestre já teve aprendizes tão lentos quanto Jesus teve nesses personagens — no entanto, nenhum outro aluno já teve um mestre tão paciente e perdoador.
    Embora a paciência de Jesus tenha sido exibida por este episódio, não foi de forma alguma exclusiva aqui; ao longo de seu ministério, ele constantemente demonstrava paciência em resposta aos sentimentos e falhas de seus discípulos. Em Marcos 6, depois de Jesus ter alimentado cinco mil pessoas com cinco pães e dois peixes, os discípulos duvidaram dele quando o viram andando sobre as águas, mas ele amorosamente respondeu: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” (6.50). Mais tarde, Jesus repetidamente os instruiu quanto à necessidade e ao propósito de sua morte, apesar da falta de humildade e compreensão deles (8.31-33; 9.30-32; 10.32-34). Quando ressuscitou, ele nem mesmo repreendeu os discípulos por serem surpreendidos pela ressurreição que ele havia predito. Em vez disso, alegre e calmo, fez perguntas instigantes e revelou-lhes sua verdadeira identidade.
    Vemos nossa própria fé frágil refletida nos discípulos. Se estivéssemos com eles, provavelmente também estaríamos lutando com o medo e expressando nossas dúvidas e acusações a Jesus. No entanto, ainda hoje, Cristo nos mostra paciência através de nossos medos e dúvidas. Ele não nos rejeita por um momento de incredulidade. Ele não nos rejeita por covardia. Não há mestre como ele. Portanto, como destinatários da longânime paciência de Cristo, devolvamos essa paciência aos outros. Se você é pai, treinador, gerente, líder de ministério, professor ou simplesmente um amigo, lembre-se do exemplo de Jesus. Se quisermos que Deus tolere nossa fé vacilante, também devemos procurar demonstrar sua paciência aos outros e a nós mesmos.
    Porém, nosso principal chamado não é o de seguirmos o exemplo de Jesus. Acima de tudo, fomos chamados a desfrutar de suas perfeições. Sua paciência não falhará. Ele nunca negligencia nem abandona aqueles sob os seus cuidados. Seus pecados e suas lutas não podem empurrá-lo além dos limites de sua tolerância. Ele será paciente com você hoje. Ele é o seu Salvador, seu Redentor, seu Mestre sempre paciente — seu Jesus.
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  • Renúncia à retaliação - Romanos 12.19
    Aug 25 2024
    Amados, não vos vingueis a vós mesmos, mas dai lugar à ira de Deus. (Rm 12.19 A21)
    A vingança é um dos nossos instintos mais naturais. É assim que o mundo funciona, pois vivemos em um mundo de competição feroz, onde, se você ficar no meu caminho, eu vou tirá-lo do caminho. É uma resposta natural ao ser injustiçado — mas não é uma resposta cristã. Portanto, devemos nos proteger contra isso continuamente. Mesmo que o tenhamos evitado ontem, isso não é garantia de que faremos o mesmo de novo hoje.
    Talvez o campo esportivo seja o lugar onde mais vemos a facilidade com que a vingança se torna a motivação de nossos planos e ações. Se um jogador adversário comete uma falta contra você e ele não é pego e punido pelo juiz ou árbitro, o que você faz? Nosso instinto é encontrar uma maneira de retribuir. Então, traçamos e planejamos e escolhemos nosso momento e “ficamos quites”. E, como acontece no campo esportivo, assim acontece na vida — pelo menos em nossa imaginação, se não em nosso comportamento.
    Mas então a Escritura atravessa esse instinto natural com as palavras “não vos vingueis a vós mesmos”.
    Paulo não apenas delineou o princípio; ele o demonstrou. Ele estava ministrando em um ambiente que lhe dava todos os motivos para retaliação: ele mesmo foi difamado, espancado, ridicularizado e preso; e ele provavelmente ainda estava vivo quando o imperador Nero e seu governo estavam transformando cristãos em tochas no quintal do palácio. Eles amarravam seguidores fiéis de Jesus a estacas, jogavam essas estacas no chão, cobriam-nas de cera e as incendiavam — e ainda assim a ordem era: “não vos vingueis a vós mesmos”.
    Muitas vezes deixamos de distinguir entre a aplicação da lei divina, que é a prerrogativa de Deus; a aplicação da lei criminal, que é a responsabilidade ordenada por Deus ao Estado (Rm 13.1-4); e a prática da vingança pessoal, para a qual a Bíblia não nos dá nenhum mandato. Temos permissão para buscar a justiça criminal do Estado, sempre lembrando que não será perfeita e não foi projetada para ser final; mas, acima de tudo, somos chamados a nos confiarmos à justiça divina de Deus, assim como seu Filho fez (1Pe 2.23). Devemos viver lembrando que hoje provavelmente não é o dia do julgamento final e que você e eu certamente não somos o juiz.
    Temos um chamado como cidadãos de um reino eterno, em vez de qualquer reino terreno. Os incrédulos não serão atraídos a Cristo se virem seus seguidores proclamando que ele é o justo Juiz e, em seguida, agindo como se fossem eles que têm o direito de julgar. Nossas ações afetarão aqueles ao nosso redor que estão lutando contra o pecado. Que eles sejam ganhos para Cristo por nosso amor e nunca sejam afastados de considerar a Cristo por conta de nossa retaliação.
    Romanos 12.9-21
    A Bíblia em um ano: Sl 119.1-88; 2Co 4
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  • Reconhecimento e reação - João 21.6-7
    Aug 24 2024
    Então, lhes disse: Lançai a rede à direita do barco e achareis. Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes. Aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: É o Senhor! Simão Pedro, ouvindo que era o Senhor, cingiu-se com sua veste, porque se havia despido, e lançou-se ao mar. (Jo 21.6-7)
    Quando a figura parada na praia mandou os pescadores lançarem sua rede do outro lado do barco — e quando aqueles pescadores viram que, não tendo pescado nada a noite toda, suas redes estavam agora abarrotadas —, eles começaram a reconhecer quem foi que os chamou. Talvez até agora eles tivessem sido sobrenaturalmente impedidos de identificá-lo, como os homens na estrada de Emaús (Lc 24.16). Ou talvez a névoa matinal ou a distância da terra até o barco fosse o que os impedia de reconhecer plenamente seu Salvador.
    Seja qual fosse o caso, não demorou muito para que João, “aquele discípulo a quem Jesus amava”, percebesse quem havia falado com eles — e, assim que compartilhou sua percepção inicial com Pedro, este entrou em ação. O reconhecimento de João e a reação de Pedro formam uma parceria que exibe lindamente a intenção de Deus para a diversidade complementar. Deus pega os joões e os pedros deste mundo e os coloca juntos para que possam ser o que não podem ser por conta própria. Ao longo do Evangelho de João, vemos João exibir uma fé contemplativa e constante. Quando ele e Pedro visitaram o túmulo vazio, ele considerou o significado das roupas na sepultura vazia onde um corpo deveria estar, e creu (Jo 20.8). Sua declaração do barco também revela um homem que não considerou suas circunstâncias apressadamente, mas as ponderou e depois acreditou com confiança. Quando João percebeu que era Jesus diante dele, deu a conhecer a Pedro. Pedro reagiu ao reconhecimento de João como costumava fazer: tomando uma ação imediata, cheia de fé e apaixonada. Você pode imaginá-lo pulando na água e depois se debatendo, meio nadando, meio caminhando, esforçando-se desesperadamente para chegar ao seu Salvador na praia. Ele não demonstrou hesitação em sair do barco. Seu único pensamento era alcançar seu Senhor.
    Sem a natureza contemplativa e perspicaz dos joões, os pedros deste mundo queimariam até serem reduzidos a cinzas de tanta excitação. Sem a ousadia dos pedros, os joões deste mundo definhariam em introspecção. Todos nós precisamos de parceiros para servir bem a Cristo. Se você é um Pedro ou um João, ou qualquer que seja seu temperamento particular, Deus o fez como você é para servir a um propósito no reino dele. Muitos de nós passam muito tempo desejando ser mais parecidos com os outros. Outros de nós não temos problemas em reconhecer nosso tipo de personalidade ou pontos fortes específicos, mas temos um problema em usá-los humildemente a serviço dos outros ou em sermos pacientes com os caminhos dos outros que são diferentes de nós. O que mudaria na maneira como você vê a si mesmo e seu propósito se percebesse que cada aspecto de seu temperamento é dado por Deus, e que Deus tem a intenção de que você o use não para seus próprios fins, mas em obediência a ele, na companhia de seu povo, para a glória de seu Filho?

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