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  • Miguel Carvalho e Vítor Matos: o que querem o Chega e Ventura?
    Apr 4 2024

    André Ventura recebeu os resultados eleitorais das legislativas de 2022 com euforia, dizendo na própria noite que o Chega era a terceira força política e que tinha vindo para ficar. Tinha razão. Dois anos depois, o Chega transformou o mapa político português. Vítor Matos, jornalista do Expresso, editou recentemente um livro, “Na Cabeça de Ventura”, e Miguel Carvalho, jornalista freelancer que tem estudado exaustivamente o Chega são os convidados desta edição do podcast Perguntar Não Ofende. No último mês, os que se habituaram a pensar que a extrema-direita nunca teria sucesso no último país a descolonizar e com índices altíssimos de rejeição da classe política, correram a apresentar, com a mesma simplicidade do passado, o cardápio de medidas e soluções para esvaziar a extrema-direita. Como alguns inquéritos sociais já mostravam há vários anos, os portugueses estavam mais do que prontos para aderir a um discurso de rejeição da diferença, seja ela a imigração, dos ciganos ou da classe política. Ventura foi o primeiro a saber interpretar essa disposição e a saber mobilizá-la a seu favor.

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    1 hr and 29 mins
  • Vicente Valentim: como se normaliza a direita radical?
    Mar 19 2024

    Portugal é dos últimos países europeus a ter uma fortíssima bancada parlamentar de extrema-direita. O crescimento do Chega, à semelhança da maioria dos partidos similares, foi fulgurante. Em cinco anos passou de 1 deputado para 12 e, depois, 48, arriscando-se a colocar um ponto final em cinco décadas de sistema bipartidário. A extrema-direita está no poder em Itália, na Finlândia e na Hungria, suporta um governo na Suécia e está a caminho de ser poder novamente na Áustria. Em França, as mais recentes sondagens dão quase maioria absoluta ao partido de Le Pen nas legislativas. Nas próximas eleições europeias, a direita radical deverá ganhar em nove países e ser a segunda ou terceira força noutros nove, incluindo na Alemanha, onde já nem a memória histórica da barbárie nazi parece conter o crescimento da xenofobia e a perseguição das minorias. Vicente Valentim, cientista político na Universidade de Oxford, é o convidado de Daniel Oliveira no podcast Perguntar Não Ofende. O seu primeiro livro, acerca da normalização da direita radical, vai ser publicado pela Oxford University Press e adaptado para português pela editora Gradiva, num calendário que não podia ser mais oportuno para tentarmos perceber melhor a dinâmica do crescimento destas forças.

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    1 hr and 44 mins
  • Luciana Maruta e Sofia da Palma Rodrigues: a abstenção sufoca a democracia?
    Mar 5 2024

    Perto de cinquenta anos de democracia, que garantiu o direito ao voto livre um ano mais tarde, para a Assembleia Constituinte, os portugueses votam cada vez menos. Muito longe vão os 16% de abstenção de 1976. Se Portugal está no pelotão da frente da abstenção, não é um caso isolado. Cinco em cada dez europeus não votaram nas eleições europeias e três em cada dez não votaram para eleger o seu chefe de Estado ou parlamento. O afastamento dos cidadãos dos atos eleitorais não é um processo uniforme. Ele replica e perpetua as desigualdades existente na sociedade. Em regiões com menores níveis de escolaridade, salários médios mais baixos, ou maiores níveis de desigualdade, a mobilização eleitoral é menor. Num dos poucos espaços onde todos os cidadãos valem rigorosamente o mesmo, onde do CEO ao habitante do bairro social todos têm apenas um voto, são os segmentos sociais com menor capacidade de influência no espaço público quem menos aproveita o voto para fazer valer os seus direitos e os seus interesses. A concentração do voto nas classes médias, especialmente nas mais envelhecidas, afunila as preocupações dos partidos nesses mesmos segmentos e a conduz a governações menos diversas e mais conservadoras.

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    1 hr and 34 mins
  • Alexandra Leitão. O programa do PS é de rutura ou continuidade?
    Feb 20 2024

    Depois de uma maratona de debates, que ou são demasiado curtos ou estão concentrados nos efeitos que o confronto tem no grande público, o Perguntar Não Ofende propõe duas conversas com mais tempo sobre os programas dos dois principais partidos. PS e a coligação liderada pelo PSD podem ter de se entender com outros, que seguramente darão os seus contributos ou obrigarão a cedências. Mas, ao que tudo indica, são estes dois programas que corresponderão à coluna vertebral do novo governo. Isto, se o cumprirem, claro. Mas isso é outra conversa. Alexandra Leitão é a coordenadora do programa eleitoral do Partido Socialista. Foi Secretária de Estado Adjunta da Educação e ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública. Militante da JS e do PS desde jovem, é deputada e cabeça de lista em Santarém. É jurista e professora na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. A conversa com António Leitão Amaro está disponível aqui.

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    1 hr and 20 mins
  • António Leitão Amaro. O programa da AD permite um milagre económico?
    Feb 20 2024

    Depois de uma maratona de debates, que ou são demasiado curtos ou estão concentrados nos efeitos que o confronto tem no grande público, o Perguntar Não Ofende propõe duas conversas com mais tempo sobre os programas dos dois principais partidos. PS e a coligação liderada pelo PSD podem ter de se entender com outros, que seguramente darão os seus contributos ou obrigarão a cedências. Mas, ao que tudo indica, são estes dois programas que corresponderão à coluna vertebral do novo governo. Isto, se o cumprirem, claro. Mas isso é outra conversa. António Leitão Amaro participou na redação final do programa eleitoral da Aliança Democrática, coligação que junta o PSD, o CDS e o PPM. Foi líder da JSD, e deputado do PSD entre 2009 e 2019, lugar que voltará a ocupar como cabeça de lista da AD por Viseu. É advogado, gestor e professor na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e na Universidade Católica, tem uma pós-graduação em economia. A conversa com Alexandra Leitão está disponível aqui.

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    1 hr and 20 mins
  • Jorge Moreira da Silva. Há esperança para Gaza?
    Feb 6 2024

    Longe dos olhares do mundo, com o acesso jornalístico a Gaza bloqueado por Israel, dois milhões de pessoas passam fome e estão sem hospitais e sem cuidados médicos. Perante a indiferença das grandes nações, tem sido António Guterres a tentar centrar o que está em causa numa região com demasiada história, mas onde o tempo escasseia. A visita de Jorge Moreira da Silva a Gaza, como representante máximo da UNOPS, a agência da ONU para as infraestruturas e gestão de projetos, não passou despercebida. As suas declarações mostram como poucos ficam indiferentes ao ver o que se está a passar neste minúsculo território. Com 6000 funcionários, a UNOPS é a quinta maior agência da ONU e desenvolve mil projetos por ano em mais de 85 países, alguns em situações de rutura como Afeganistão, Iémen, Ucrânia, Moçambique, Somália ou Sudão. Numa conversa centrada em Gaza, mas com paragem noutros conflitos onde a UNOPS marca presença e no próprio papel das Nações Unidas, Daniel Oliveira recebe Jorge Moreira da Silva, subsecretário-geral das Nações Unidas e diretor Executivo da UNOPS

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    1 hr and 33 mins
  • Filipe Santa-Bárbara, Luís Simões e Pedro Coelho. O que a Global Media nos avisa sobre o futuro do jornalismo?
    Jan 9 2024

    Os trabalhadores da Global Media estão com salários em atraso e o risco de encerramento da TSF, Diário de Notícias, Jornal de Notícias e vários outros títulos históricos é muito real. Não é uma questão de património histórico que outros títulos venham a substituir. Seria a mais rápida redução de pluralismo num setor em crise profunda e sem o qual, na era da desinformação produzida de forma industrial, nos podemos começar a despedir da democracia. Para falar sobre o que se passa na Global Media e, a partir daí, no jornalismo, recebemos três jornalistas no podcast Perguntar Não Ofende. Filipe Santa-Bárbara, jornalista da TSF e porta-voz da sua comissão de trabalhadores, Luís Simões, presidente do Sindicato dos Jornalistas e jornalista d’A Bola, e Pedro Coelho, presidente da Comissão Organizadora do 5º Congresso dos Jornalistas e jornalista da SIC.

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    1 hr and 38 mins
  • Maria do Rosário Partidário: é desta que teremos novo aeroporto?
    Dec 19 2023

    Já teve 17 localizações possíveis, muitos estudos, enormes debates, grandes paixões. Até provou uma crise política entre o atual primeiro-ministro e o recém-eleito líder do Partido Socialista. Há qualquer coisa neste tema que provoca bloqueios que são quase um símbolo do bloqueio nacional. Poderíamos condensar muitos dramas nacionais neste: interesses políticos, académicos, empresariais e especulativos e um Estado tecnicamente impreparado e politicamente pouco corajoso. A que se junta, desde 2012, a privatização de mais um monopólio que retira ao país qualquer capacidade de decidir o seu futuro. Em outubro de 2022, o governo decidiu que fosse criada uma Comissão Técnica Independente para coordenar e realizar uma avaliação ambiental estratégica do novo aeroporto. Professora catedrática do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa em Planeamento do Urbanismo e Ambiente, Maria do Rosário Partidário é especialista em avaliação ambiental estratégica e coordenou a comissão.

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    1 hr and 30 mins