Episodios

  • Aula 05 - A força como extensão da ira (Ilíada, Canto I, vs. 1-492)
    Aug 14 2024
    • Nesta quinta aula da disciplina de Teoria e Leitura Crítica da Narrativa, do curso de Licenciatura em Letras da UNESP (Ibilce, SJRP), continuo a análise da "Ilíada", de Homero, a partir da ideia de Ira como a paixão que obseda e cega Aquiles, mas também da qual partilham outros heróis, os deuses, e da qual, em última instância, a própria guerra depende.
    • Do mesmo modo, faço, a partir de algumas ideias tomadas ao ensaio "A Ilíada ou o poema da força", de Simone Weil, uma relação entre ira e força, considerando esta como manifestação da primeira, e pensando como a força, no poema, nasce tanto da destreza guerreira (Aquiles) quanto do poder (o arbítrio, o mando) político (Agamêmnon), submetendo, subjugando e desumanizando a todos que ela, a força, alcança.
    • Além disso, ainda considerando as ideias de Simone Weil, penso sobre o processo de coisificação, isto é, de desumanização daqueles homens e mulheres que, no poema, são submetidos pela força. Assim, analiso rapidamente a figura dos cadáveres, reduzidos à condição de coisas entre coisas, dos suplicantes (cuja humilhação da súplica lhes tira a dignidade, embora, atendidos em seus pedidos, recuperam sua humanidade e honradez) e dos escravos, sobretudo as mulheres (que perdem para sempre sua autonomia, definitivamente coisificadas, submetidas à condição de servas sexuais).
    • Por fim, a partir da questão de um aluno, discuto rapidamente o conceito de verossimilhança, o modo como ela é fundamental para a mímeses (a representação), como seu entendimento muda de Platão para Aristóteles, sua importância para garantir a coerência interna do relato e a diferença entre ficção e realidade, discurso científico e fabulação literária, verossimilhança e verdade.


    • 0utras referências mencionadas:
    1. Simone Weil. "A Ilíada ou o poema da força"
    2. Edison Banani Jr. "O labirinto de Dédalos. A ideia de mundo como horizonte da existência".
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    1 h y 44 m
  • Aula 04 - A ira de Aquiles (Canto I, vs. 1-492)
    Aug 13 2024
    • Nesta quarta aula (parte I) da disciplina de Teoria e Ensino da Narrativa, leio, comento, interpreto e analiso o início do Canto I, versos 1-492, da "Ilíada", de Homero. Além de explicar o caráter convencional da forma épica na narrativa homérica, também aponto, brevemente, certos aspectos que constituem o caráter do herói grego, seus valores e motivações, bem como as diferenças ideológicas entre o universo cultural grego e suas emoções e a realidade moderna e suas paixões - diferenças estas que, muitas vezes, impedem que nos identifiquemos completamente com aquelas personagens e situações, ao contrário, em muitos casos, precisamos racionalizar aquelas emoções.
    • Analiso, ainda, a ira de Aquiles (e como ela se manifesta entre outros homens e entre os próprios deuses), destacando sua particularidade em relação a outras personagens sujeitas a essa mesma paixão, além de compará-la à inclinação grega para o "logos", o discurso racional, elemento fundamental das assembleias, nas quais a destreza retórica é tão importante quanto a habilidade guerreira, a arte militar. Nesse sentido, mesmo durante as batalhas, os heróis são instados ao diálogo. Estamos, nesse caso, diante das simetrias homéricas: o equilíbrio racional e o destempero, a desmedida passional como partes incontornáveis do caráter.
    • Alguns textos citados (referências completas no material didático do Google Drive):
    1. Peter Jones. "Introdução".
    2. H. D. F. Kitto. "Homero". In: Os gregos
    3. Leonard Muellner. The anger of Achilles


    • Link para a pasta:

    https://drive.google.com/drive/folders/1m-neeC4cgC_HQ275DTnsfDftFw055Ll8

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    1 h y 43 m
  • Aula 03 - Narrar o mundo e dar sentido às coisas
    Aug 7 2024

    ula 03- Narrar o mundo e dar sentido às coisas. Concluindo a leitura do "Gênesis", numa interpretação ao mesmo tempo antropológica e literária, discutimos a exploração do conflito na narrativa, o modo como ele funciona e suas diferentes manifestações. Do mesmo modo, fazemos uma reflexão sobre a narrativa como forma de ordenação do tempo (Paul Ricoeur) e como resultado de nossa necessidade de fabulação (Antonio Candido), ou seja, o exercício da fantasia como defesa contra a realidade.

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    1 h y 52 m
  • Aula 02 - Por que narramos? [Parte II]
    Aug 6 2024
    Aula 02 - Por que narramos [Parte II]: Continua a discussão da Aula 01, na qual se procura não só responder, de forma geral, à pergunta "por que narramos", mas também, agora, começar a diferenciar a narrativa entendida antropologicamente, ou seja, como parte das formas culturais humanas de explicação do mundo e das coisas, da narrativa como manifestação literária, isto é, orientada pelo trabalho da imaginação de acordo com os princípios da literatura concebida como expressão artística humana.
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    1 h y 52 m
  • Aula 01 - Por que narramos?
    Jul 31 2024
    Aula 01 - Por que narramos? (31.07.2024) Primeira Parte Primeira aula da Disciplina de Teoria e Ensino e Ensino da Narrativa (2024), do curso de Licenciatura em Letras da UNESP, São José do Rio Preto. Discute-se o que é a narrativa desde uma dimensão mais geral, de um ponto de vista antropológico, até sua manifestação literária. Busca-se responde à questão: por que narrar? e o modo como usamos a narrativa para racionalizar, ordenar e dar sentido a nossa expriência no mundo.
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    1 h y 46 m