• Boca a Boca - cenas dos próximos capítulos

  • Jan 27 2022
  • Duración: 6 m
  • Podcast

Boca a Boca - cenas dos próximos capítulos

  • Resumen

  • Selecionamos para cada temporada um tema agregador que, de certa forma, estabelece uma ligação entre o todo e os temas específicos das atividades e dos espetáculos programados. Na temporada 2021, dedicámo-nos à “presença”. Porque, mesmo quando estamos num lugar, nem sempre estamos presentes. Porque, num momento como o que vivemos estes dois anos, nunca essa distinção foi tão óbvia. Para esta nova temporada e como pano de fundo, escolhemos os elementos Água, Ar, Fogo, Terra… e Éter. Começamos com o Corpo em movimento, no Encontro de dança contemporânea NANT- novas acções, novos tempos, o corpo agregador de todos estes elementos para depois questionarmos a nossa relação com a geografia, os oceanos, as nuvens e tudo o que nos rodeia. Vivemos na era do Antropoceno, numa era onde o ser humano é a força geofísica maior, capaz de criar a sua própria extinção. No entanto, no dia a dia, só nos preocupamos quando sentimos uma tempestade fora de época, um incêndio desmesurado, um tsunami que arrasa uma cidade em poucos minutos. Vivemos num mundo distorcido que, contra todas as evidências, nos parece arrumado, “normal”. Não vemos a calamidade a acontecer, ela é contínua. E continua.As coisas quando acontecem e não incomodam não se veem. Não sabemos muitas vezes de que é feito o chão que pisamos a não ser quando tropeçamos no caminho. Para ver melhor ou para tornar o invisível visível, é preciso, por vezes, ampliar a sua acção ou retirar as coisas do seu contexto, e é isso que um Teatro faz: retira as coisas do seu lugar habitual, onde acabam por ser invisíveis, para as colocar noutro sítio e poderem ser observadas em detalhe revelando, assim, outros sentidos. A escolha dos quatro elementos +1 é um convite para assistirem a um concerto, a um espetáculo, a uma coreografia, sem perder de vista a matéria de que são feitos os corpos, as vozes, os movimentos, as ideias, o tempo – Ar, Terra, Água, Fogo. Éter.Cada criação artística é, por um lado, uma tentativa de aceder ao princípio mais elementar de tudo, procurando a matéria-prima de tudo, e, por outro, é o exercício de desenhar o futuro, colocando as peças que conhecemos numa outra posição.A Arte é uma forma de renovar o encontro com o Mistério, prestando-lhe atenção sem o querer desvendar. Um encontro com a Beleza sem a medir. Com o Tempo sem o aprisionar. Com a Verdade sem as distorcer. Um encontro com o Ar. Terra. Água. Fogo. E o Éter.Como nos diz Timothy Morton, em Toda a Arte É Ecológica, “a arte é um lugar que procuramos habitar para tentar perceber o que significa ser humano em relação com o não-humano: o mundo, as coisas, os elementos”*. O Teatro é esse lugar privilegiado de encontro entre pessoas, saberes e experiências — cruzando o local, o nacional e o internacional — mas também o encontro entre o material e o inatingível. O Teatro é um instrumento fundamental na reflexão profunda sobre o nosso rumo conjunto, do mais complexo ao mais elementar.E AR pode ser som e voz mas também poluição, pode simbolizar o céu ou o ar tóxico os ares dos tempos, mas também representar um festival que acontece num livro, como o dos Encontros de Novas Dramaturgias, que quis existir mesmo em tempos de distância física, capturando assim o ar dos nossos tempos para o guardar na página impressa, pela voz de uma trintena de dramaturgos contemporâneos de língua portuguesa.TERRA pode ser vida e o movimento dos corpos no planeta, pode ser a dúvida eterna de Vera Mantero acerca d’“O Susto que é o Mundo” que veremos este sábado às 21h ou, pode ainda ser um desenho de luz que inspirou o coletivo teatral Bestiário a construir o seu novo espetáculo.Terra pode ser o chão que pisamos ou a matéria de que é feita a arte mais “antiga” e que ainda hoje nos inspira, como na performance “Missed-En-Abîme”, de Rogério Nuno Costa. Pode ser a geografia que lemos num espetáculo como “Not to Scale”, de Tim Etchels e Ant Hampton, onde dois a dois, desenhamos numa folha de papel o espetáculo que queremos ver.FOGO pode ser o princípio de tudo, pode ser a destruição de tudo, pode ser a primeira descoberta humana ou o que alimenta as paixões e os corpos, como em “Orgia”, de Pasolini, com encenação de Nuno M. Cardoso.ÁGUA pode ser o mar e a vida marinha, mas também pode ser a nossa sobrevivência e o caminho marítimo até outras formas de estarmos juntos, como fez o K Cena –Projeto Lusófono de Teatro Jovem – que, desde outubro passado, ensaia à distância desde Viseu com companhias sediadas no Brasil, em Cabo Verde e em São Tomé.E, finalmente, o ÉTER — o quinto elemento, inefável —, que é também a unificação das forças, a revolução para lá da de Copérnico e dos Cravos, a arte quando nos toca sem sabermos porquê. E haverá gesto mais ecológico do que cuidarmos e gostarmos e queremos as coisas, procurando nelas o belo e o ...
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