Boca a Boca

De: Teatro Viriato
  • Resumen

  • "Boca a Boca" é o podcast do Teatro Viriato em parceria com a Rádio Jornal do Centro. A cada semana, um espaço de partilha com a crónica de Patrícia Portela, diretora artística do Teatro Viriato, e entrevistas em que a cultura é o ponto de partida.
    Teatro Viriato
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Episodios
  • Boca a Boca - cenas dos próximos capítulos
    Jan 27 2022
    Selecionamos para cada temporada um tema agregador que, de certa forma, estabelece uma ligação entre o todo e os temas específicos das atividades e dos espetáculos programados. Na temporada 2021, dedicámo-nos à “presença”. Porque, mesmo quando estamos num lugar, nem sempre estamos presentes. Porque, num momento como o que vivemos estes dois anos, nunca essa distinção foi tão óbvia. Para esta nova temporada e como pano de fundo, escolhemos os elementos Água, Ar, Fogo, Terra… e Éter. Começamos com o Corpo em movimento, no Encontro de dança contemporânea NANT- novas acções, novos tempos, o corpo agregador de todos estes elementos para depois questionarmos a nossa relação com a geografia, os oceanos, as nuvens e tudo o que nos rodeia. Vivemos na era do Antropoceno, numa era onde o ser humano é a força geofísica maior, capaz de criar a sua própria extinção. No entanto, no dia a dia, só nos preocupamos quando sentimos uma tempestade fora de época, um incêndio desmesurado, um tsunami que arrasa uma cidade em poucos minutos. Vivemos num mundo distorcido que, contra todas as evidências, nos parece arrumado, “normal”. Não vemos a calamidade a acontecer, ela é contínua. E continua.As coisas quando acontecem e não incomodam não se veem. Não sabemos muitas vezes de que é feito o chão que pisamos a não ser quando tropeçamos no caminho. Para ver melhor ou para tornar o invisível visível, é preciso, por vezes, ampliar a sua acção ou retirar as coisas do seu contexto, e é isso que um Teatro faz: retira as coisas do seu lugar habitual, onde acabam por ser invisíveis, para as colocar noutro sítio e poderem ser observadas em detalhe revelando, assim, outros sentidos. A escolha dos quatro elementos +1 é um convite para assistirem a um concerto, a um espetáculo, a uma coreografia, sem perder de vista a matéria de que são feitos os corpos, as vozes, os movimentos, as ideias, o tempo – Ar, Terra, Água, Fogo. Éter.Cada criação artística é, por um lado, uma tentativa de aceder ao princípio mais elementar de tudo, procurando a matéria-prima de tudo, e, por outro, é o exercício de desenhar o futuro, colocando as peças que conhecemos numa outra posição.A Arte é uma forma de renovar o encontro com o Mistério, prestando-lhe atenção sem o querer desvendar. Um encontro com a Beleza sem a medir. Com o Tempo sem o aprisionar. Com a Verdade sem as distorcer. Um encontro com o Ar. Terra. Água. Fogo. E o Éter.Como nos diz Timothy Morton, em Toda a Arte É Ecológica, “a arte é um lugar que procuramos habitar para tentar perceber o que significa ser humano em relação com o não-humano: o mundo, as coisas, os elementos”*. O Teatro é esse lugar privilegiado de encontro entre pessoas, saberes e experiências — cruzando o local, o nacional e o internacional — mas também o encontro entre o material e o inatingível. O Teatro é um instrumento fundamental na reflexão profunda sobre o nosso rumo conjunto, do mais complexo ao mais elementar.E AR pode ser som e voz mas também poluição, pode simbolizar o céu ou o ar tóxico os ares dos tempos, mas também representar um festival que acontece num livro, como o dos Encontros de Novas Dramaturgias, que quis existir mesmo em tempos de distância física, capturando assim o ar dos nossos tempos para o guardar na página impressa, pela voz de uma trintena de dramaturgos contemporâneos de língua portuguesa.TERRA pode ser vida e o movimento dos corpos no planeta, pode ser a dúvida eterna de Vera Mantero acerca d’“O Susto que é o Mundo” que veremos este sábado às 21h ou, pode ainda ser um desenho de luz que inspirou o coletivo teatral Bestiário a construir o seu novo espetáculo.Terra pode ser o chão que pisamos ou a matéria de que é feita a arte mais “antiga” e que ainda hoje nos inspira, como na performance “Missed-En-Abîme”, de Rogério Nuno Costa. Pode ser a geografia que lemos num espetáculo como “Not to Scale”, de Tim Etchels e Ant Hampton, onde dois a dois, desenhamos numa folha de papel o espetáculo que queremos ver.FOGO pode ser o princípio de tudo, pode ser a destruição de tudo, pode ser a primeira descoberta humana ou o que alimenta as paixões e os corpos, como em “Orgia”, de Pasolini, com encenação de Nuno M. Cardoso.ÁGUA pode ser o mar e a vida marinha, mas também pode ser a nossa sobrevivência e o caminho marítimo até outras formas de estarmos juntos, como fez o K Cena –Projeto Lusófono de Teatro Jovem – que, desde outubro passado, ensaia à distância desde Viseu com companhias sediadas no Brasil, em Cabo Verde e em São Tomé.E, finalmente, o ÉTER — o quinto elemento, inefável —, que é também a unificação das forças, a revolução para lá da de Copérnico e dos Cravos, a arte quando nos toca sem sabermos porquê. E haverá gesto mais ecológico do que cuidarmos e gostarmos e queremos as coisas, procurando nelas o belo e o ...
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  • Boca a Boca - O aniversário da arte
    Jan 24 2022

    1 000 059.º ANIVERSÁRIO DA ARTE

    Segundo o artista francês Robert Filliou, seguidor da corrente artística Fluxus, a 17 de janeiro de 1963, o dia do seu nascimento, a arte celebraria um milhão de anos. Segundo o artista, a arte nascera no momento em que alguém deixou cair uma esponja seca numa tina com água. Desde então, artistas celebram este dia um pouco por todo o mundo, com arte-postal, festas, (re)encontros, exposições, conversas e um bolo de aniversário.

    A 17 de janeiro de 1974, o artista multimédia Ernesto de Sousa organizou uma festa comemorativa do 1 000 011.º Aniversário da Arte em Portugal, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC).

    A 17 de janeiro de 2021, abrimos a temporada do Teatro Viriato com a tradição Fluxus de celebrar o Aniversário da Arte, na companhia de parceiros de longa data como o Cine Clube de Viseu, o Museu Nacional Grão Vasco, o Vale do Côa ou a ZDB, com uma mão cheia de artistas que ocuparam o palco com concertos, espetáculos, leituras e happenings que acabaram por ser transmitidos online devido a um segundo período de quarentena nacional devido à pandemia de Covid-19.

    Há uns tempos, sentava-me eu ao lado da Isabel Campante pela primeira vez no café do Teatro e reparava que a sua decoração era toda ela feita de painéis de azulejos azuis com retratos de escritores portugueses, todos homens. Luís de Camões, Almeida Garrett, Guerra Junqueiro, Raúl Brandão, entre tantos outros. Não foram precisos dois galões nem meia torrada para imaginarmos o café forrado a mulheres rebeldes. Eu adoro a Clarice Lispector, dizia eu. Já leste a fundo a Maria Velho da Costa? Dizia a Isabel. Se fazemos uma homenagem, temos de ter a Ana Hatherly! E a Sophia? Já leste a Poética II? Homenagem? Porque não lhe chamar uma “Mulheragem”? As ideias mais simples nascem assim, no café, às 8 da manhã, a trocar impressões sobre o dia. Daí celebrar o aniversário da arte na companhia de 3 artistas plásticas de Viseu e arredores foi um passo. Convidámos Ana Biscaia, Beatriz Rodrigues e Rosário Pinheiro a desenharem 12 retratos das suas autoras de eleição, e convidámos 13 autoras para escreverem cartas a autoras que admiram.

    Hoje passei lá de manhã antes de terminar esta crónica. Um senhor de uma certa idade discutia que nunca tinha ouvido falar em nenhuma delas, mas que já tinha percebido que algumas eram atrevidas (referindo-se à indumentária transparente de Natália Correia). Outro senhor folheava a folha de sala da exposição. Assim se inicia o diálogo entre gerações, estilos, geografias e vontades, ocupando o espaço público, mudando-lhe por vezes a cara, e contando sempre com o olhar cúmplice do senhor Zé do Café do Teatro.

    E, enquanto isso, continuamos a dar o corpo ao manifesto na sala do teatro com o Encontro de Dança Contemporânea NANT. Esta semana temos PINY, Sara Anjo, Sofia Dias e Vítor Roriz e ainda um documentário sobre a Re.al de João Fiadeiro por Maria João Guardão em mui amistosa parceria com o Cine Clube de Viseu.

    ARTISTAS dos retratos da “Mulheragem” Ana Biscaia (Ilse Losa, Maria Lamas, Maria Keil e Matilde Rosa Araújo), Beatriz Rodrigues (Ana Hatherly, Clarice Lispector, Hilda Hilst e Maria Velho da Costa) e Rosário Pinheiro (Agustina Bessa Luís, Judith Teixeira, Sophia de Mello Breyner Andresen e Natália Correia)

    Autoras das cartas – Sara Barros Leitão, Marta Bernardes, Joana Bértholo, Rita Taborda Duarte, Inês Fonseca Santos, Raquel Nobre Guerra, Sílvia Prudêncio, Isabela Figueiredo, Joana Bértholo, Patrícia Reis, Catarina Machado, Patrícia Portela, Alva Ramalho.

    Mais info em www.teatroviriato.pt

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  • Boca a Boca – Dar o corpo
    Jan 12 2022

    O que significa receber a herança de um encontro de dança que marcou uma década, juntando novíssimos coreógrafos que nele se apresentaram pela primeira vez e tantos que são hoje consagrados? O que significa ser a décima edição de um encontro que se intitulou New Age, New Time num ano como o de 2022, o terceiro que se vive em pandemia? Será que se vive cada vez mais consciente do tempo, do corpo, da fisicalidade, da distância e do peso das palavras que usamos para nomear o que sentimos, o que fazemos, o que queremos, o

    que não queremos?

    Para esta edição, que é simultaneamente a 10.ª e a 01.ª, repensamos cada palavra, cada escolha, cada gesto.

    Começamos pelo título: NANT. Procurámos o seu significado como se não o conhecêssemos, como se não conhecêssemos a história deste encontro. O uso da palavra “nant” pode remontar ao século XIX e ao viajante e autor George Borrow (1803-1881), para significar “pequeno riacho”, “pequena corrente de um rio em Gales”; ou pode denominar alguém apaixonado pela tecnologia e que a usa para embelezar a vida e o seu meio ambiente. Se usarmos a palavra “nant” em francês numa expressão como “L’Europe est t’arriver à un tournant”, queremos dizer: "A Europa chegou a um ponto de viragem”. “NAN” (acrónimo do inglês Not a Number) em linguagem de programação representa um número indefinido ou irrepresentável.

    New Age está hoje conotado com um movimento alternativo à cultura tradicional ocidental, com um forte interesse no misticismo, no ambientalismo e numa perspetiva holística do mundo. New Time... novo tempo... estará ligado a quê? A que novo tempo nos referíamos há uma década e que novo tempo desejamos agora? Se “nant” é uma palavra que se pronuncia da mesma maneira em quase todas as línguas e que não tem tradução, New Age, New Time pode ser traduzido para uma nova expressão que melhor represente as novas ações, do corpo, da mente, no espaço, que pretendemos divulgar, descobrir, praticar; e os novos tempos que se desenham, que se formam, que queremos moldar, preencher e construir para os podermos habitar em conjunto.

    Assim nasceu a vontade de rebatizar este encontro — entre e dos corpos em movimento — de NANT- Novas Ações, Novos Tempos e de a dedicar inteiramente ao corpo:

    o corpo feminino ou masculino, o corpo não binário, o corpo belo, o corpo que adoece e envelhece, o corpo mútuo, o corpo duplo, o corpo norma e tradição, o corpo que rasga o sistema, o corpo domesticado, o corpo livre, o corpo língua, o corpo planeta, o corpo que dá o litro e se entrega à vida e ao movimento, o corpo que se entrega ao manifesto.

    E o que significará isso de dar o corpo ao manifesto em 2022?

    Será cuidá-lo e protegê-lo? Será arriscar perdê-lo a cada dia que passa? Oferecê-lo às balas? investi-lo de ação e de tempo?


    Porque para existir é preciso respirar, é preciso ter corpo, é preciso ter movimento, abrimos 2022 oferecendo os nossos corpos múltiplos aos tempos vindouros, juntando-nos para celebrar o que um corpo pode em palco, o que um corpo pede, o que um corpo pulsa, o que um corpo dá, o que um corpo precisa, o que muitas vezes não é mais do que outro corpo com quem se amantizar, pensar, trocar ideias, avançar na (sua? nossa?) história.


    Abrimos com “Bate Fado”, de Jonas & Lander, no dia 14 de janeiro, e terminamos com “O susto é um mundo”, de Vera Mantero no dia 29 de janeiro, acompanhando todo o período eleitoral a pensar no que nos faz mexer, no que nos move, no que tem e oferece movimento, o que dá corpo às nossas ideias, aos nossos desejos, aos nossos votos para o futuro.





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