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  • Carta Julho/24: Recessão ou não?
    Aug 7 2024

    Nos últimos meses, os analistas de mercado mudaram de opinião sobre o desempenho da economia americana, assim como mudamos de roupa. Em fevereiro, o cenário era de recessão, passou para estagnação em maio e voltou para recessão atualmente, com um superaquecimento em junho. Na última semana, ganhou força a narrativa de a economia potencialmente entrar em recessão, apesar de os dados ainda não sugerirem isso.


    Por que isso é importante? Em 2004, ano das Olimpíadas de Atenas, os estrategistas do então banco Merrill Lynch desenvolveram a teoria do Investment Clock. De acordo com eles, o desempenho dos ativos financeiros pode ser determinado por uma combinação entre crescimento econômico e inflação. Eles então criaram quatro quadrantes, para a combinação de cada um dos cenários: maior ou menor crescimento, maior ou menor inflação.


    Parte da volatilidade recente dos mercados foi atribuída a uma mudança de visão sobre os rumos da economia americana, que poderia entrar em recessão nos próximos trimestres. Será isso mesmo?

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  • Carta Junho/24: Sobre equilíbrios
    Jul 4 2024

    Caros(as) cotistas e parceiros(as),


    A física mecânica trata principalmente de dois tipos de equilíbrio: os estáveis e os instáveis. Em um equilíbrio estável, se o sistema for perturbado, ele tende a retornar ao estado de equilíbrio original. É como uma bola no fundo de uma tigela oval; se você a empurrar contra a parede, ela rolará de volta para o fundo.


    O Brasil tem experimentado períodos de equilíbrio econômico estável ao longo de sua história recente, mas esses períodos são frequentemente frágeis e vulneráveis a perturbações, especialmente diante de atitudes populistas dos governos.


    A gestão fiscal é um dos principais desafios para a estabilidade econômica no Brasil. O país tem uma história de déficits fiscais elevados e crescimento da dívida pública. Em períodos de estabilidade econômica, as receitas do governo tendem a aumentar, permitindo investimentos em infraestrutura e programas sociais. No entanto, políticas fiscais irresponsáveis, como aumento excessivo dos gastos públicos sem correspondentes aumentos de receita, podem rapidamente desestabilizar as finanças públicas.


    Será que o movimento recente do dólar significa que estamos no pico de um morro ou no fundo de uma tigela?


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  • Carta Maio/24: "É a economia, estúpido"
    Jun 6 2024

    Caros(as) cotistas e parceiros(as),


    Neste último final de semana, os mercados foram surpreendidos pela eleição de Claudia Sheinbaum, como a primeira mulher a ser eleita presidente do México. A surpresa não veio pelo fato de ela ser mulher, uma vez que a segunda colocada Xóchitl Galvéz, uma bem-sucedida empresária mexicana, também é mulher. Também não houve surpresa na vitória em si, já que Claudia liderou as pesquisas durante toda campanha. A vantagem nas urnas e a eleição de maioria absoluta do partido MORENA na Câmara e no Senado é que surpreenderam os mercados e os analistas políticos.


    Muitas teorias sobre o que aconteceu com a eleição no México serão elaboradas nas próximas semanas ou meses. Por enquanto, a nossa explicação simplista parece ser: “É a economia, estúpido”. O México vem passando por um ciclo positivo de crescimento, sustentado pela economia americana e pelo processo de near shoring. A disputa comercial com a China tem movido para mais perto dos Estados Unidos um pedaço da cadeia global de suprimento ao mercado americano. O México, pela sua proximidade e baixo custo de mão de obra é um natural beneficiário.


    Aqui vale uma reflexão. Expansão de programas sociais e reajustes reais de salários são uma realidade brasileira há muitos anos, assim como a discussão sobre a trajetória das contas públicas. Após as eleições municipais, o debate sobre a eleição presidencial no Brasil deve esquentar. A depender do desempenho dos prefeitos dos partidos da base governista, a temperatura do debate fiscal pode permanecer alta.

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  • Carta Abril/24: Novos aires
    May 7 2024

    Caros(as) cotistas e parceiros(as),


    Para a bolsa, o que importa mais? Juros mais baixos ou mais crescimento? Os movimentos de curto prazo dos mercados tendem a refletir melhor as variações nas taxas de juros futuras. Porém, para investidores de longo prazo, é o crescimento de lucro que determina para onde vão os mercados. Neste ano, novamente, as estimativas de crescimento de PIB estão sendo revisadas para cima. Mais crescimento econômico deveria ter um impacto positivo no lucro das empresas. As estimativas de lucro do IBX100 têm sido estáveis recentemente. Ainda não conseguimos ter uma boa ideia dos resultados das empresas no 1º trimestre do ano (as empresas reportam resultado até o meio de maio), mas as indicações iniciais são positivas.


    Nesta carta, comentamos sobre a relevância desses fatores para os mercados de ação. Ressaltamos também que alguns economistas já sugerem um crescimento do PIB mais perto dos 3% para este ano, bem acima do que era esperado no começo do ano.

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  • Carta Março/24: Inteligência e Energia
    Apr 9 2024

    “A inteligência e a energia têm sido os limitadores fundamentais para a maior parte das coisas que queremos. Um futuro no qual esses fatores não são limitantes será radicalmente diferente e pode ser impressionantemente melhor.” Esta frase de Sam Altman, uma figura proeminente no mundo da tecnologia e dos investimentos, especialmente conhecido por seu papel como CEO da OpenAI, demonstra seu otimismo com relação ao futuro. Com uma mente visionária e uma paixão pela inovação, Altman desempenha um papel fundamental no avanço da inteligência artificial (IA) e no seu impacto em diversas indústrias.


    Ainda não sabemos ao certo como o desenvolvimento dessa nova tecnologia pode impactar os mercados, as empresas e as pessoas. Mas, assim como Sam, acreditamos que a abundância energética e a engenhosidade das pessoas, impulsionadas pela tecnologia, podem trazer um futuro “impressionantemente” melhor. Somos privilegiados por poder acompanhar de perto a maior revolução tecnológica da história da humanidade.


    Nesta carta, exploramos mais alguns conceitos chaves da inteligência artificial e como elas podem impactar o mundo dos investimentos.

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  • Carta Fevereiro/24: Efeito Fujiwara: Quando a abundância energética encontra a Lei de Moore
    Mar 5 2024

    Cara(o)s Cotistas e Parceira(o)s,


    O efeito Fujiwara, nomeado em homenagem ao meteorologista japonês Sakuhei Fujiwara, descreve uma interação fascinante e complexa que ocorre quando dois ciclones tropicais passam próximos um do outro. Na prática, os dois sistemas começam a orbitar em torno de um ponto central entre eles e, às vezes, podem se fundir em um único sistema maior e mais forte.


    Vemos hoje dois eventos que podem ser muito relevantes para a economia global nos próximos anos: abundância energética e inteligência artificial. Nesta carta, nos aprofundamos sobre o primeiro tema. A produção de energia no mundo, principalmente nos Estados Unidos, vem surpreendendo positivamente. Esse crescimento acontece também por outra revolução tecnológica. A produtividade de petróleo e derivado nos campos de gás de xisto tem crescido acima do esperado, impulsionado pelo refino dos NGLs (natural gas liquids).


    Quais os impactos desse efeito Fujiwara nos mercados?

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  • Carta janeiro/24: O autor preferido do Bill Gates
    Feb 6 2024

    Além de sustentar as funções quotidianas da sociedade, a energia desempenha um papel fundamental na definição das relações geopolíticas. O controle sobre as fontes de energia e as rotas de abastecimento têm sido um fator chave em conflitos internacionais, acordos comerciais e políticas externas. "A energia não é apenas uma questão de economia ou tecnologia; ela é, em muitos aspectos, a moeda do poder no palco mundial" Este ponto destaca a complexidade das questões energéticas e como elas se entrelaçam com a política, a economia e a segurança global.


    Vaclav Smil, um dos autores preferidos de Bill Gates, em “How the World Really Works”, desdobra a complexidade do mundo moderno, através de alguns pilares principais, como energia, alimentação e materiais. A importância da energia para a vida da civilização atual vai além de uma simples questão de consumo. É uma questão de como equilibrar as necessidades imediatas da humanidade com a sustentabilidade a longo prazo do planeta. A energia é, portanto, não apenas o sangue vital da civilização moderna, mas também o campo de batalha no qual o futuro da humanidade será determinado.


    A relação entre os preços da energia e os mercados financeiros é complexa e multifacetada, refletindo o papel central que a energia desempenha na economia global. Preços mais altos de energia têm implicações diretas e indiretas em quase todos os setores da economia, desde o custo de produção até o poder de compra do consumidor. Quando os preços da energia aumentam, eles podem elevar significativamente a inflação, uma vez que os custos mais altos são repassados aos consumidores na forma de preços mais elevados para bens e serviços. Este cenário inflacionário cria um ambiente desafiador para os mercados financeiros, já que a inflação erode o valor real dos retornos futuros, tornando os ativos financeiros menos atrativos para os investidores. Mas, se passarmos de um mundo de escassez para um mundo de abundância energética, qual o impacto que isso pode ter nos mercados?

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  • Carta dezembro/23: O poder das ideias
    Jan 9 2024

    Cara(o)s Cotistas e Parceira(o)s,

    Qual o seu cenário? O poder das ideias é uma força incontestável na moldagem da realidade humana e no impulsionamento de mudanças transformadoras. Cobb, personagem de Leonardo di Caprio no filme “A Origem” (“Inception”) define uma ideia como “um vírus, resistente, altamente contagioso”, uma descrição que ilustra vividamente sua natureza penetrante e duradoura. Assim como um vírus, uma ideia simples pode infiltrar-se na mente, expandir-se e evoluir, influenciando percepções e comportamentos.

    Nas últimas semanas, vimos algumas matérias de jornais criticando a previsão dos analistas e economistas para os principais indicadores econômicos no Brasil em 2023. Nós também temos nossas ressalvas, mas previsões são, por sua própria natureza, incertas. E merecem o direito de serem revisadas. Nesta carta, tentamos mostrar a complexidade de fazer previsões para os diferentes preços de ativos, e discutimos que mais importante do que isso, é relevante entendermos por que as previsões e os preços de ativos mudaram.

    Como gestores de recursos, tentamos combater as ideias impostas nos nossos subconscientes e manter a cabeça aberta para os novos cenários. Lembrando sempre que também existe a possibilidade de as coisas darem certo.

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