• Canibalismo versus Vorarefilia – Uma Filigrana Acadêmica?

  • Jul 28 2024
  • Length: 35 mins
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Canibalismo versus Vorarefilia – Uma Filigrana Acadêmica?  By  cover art

Canibalismo versus Vorarefilia – Uma Filigrana Acadêmica?

  • Summary

  • O termo canibal, definido como comer a sua própria espécie, é um legado do encontro do genovês Cristóvão Colombo em 1492 com os caribenhos das Antilhas, que se dizia serem consumidores de carne humana. Etimologicamente, esse termo é derivado do espanhol (Caríbales ou Caníbales) para os Carib, uma tribo das ilhas do Caribe.

    Apesar de ser um termo originário após da “descoberta” da América, trata-se de um costume generalizado que remonta ao início da história humana. Estudos que documentam a prática do canibalismo entre não-humanos, identificados em mais de 1.500 espécies, levaram à distinção entre canibalismo humano e não-humano (Polis, 1981). O termo antropofagia (do grego, “comer homens”), é mantido para se referir ao consumo de humanos por outros humanos. Dito isso, o termo canibalismo é usado para descrever a prática humana e não humana (White, 2001).

    O canibalismo representa um comportamento tabu para muitas sociedades ocidentais, algo a ser relegado às outras culturas, a outros tempos e a outros lugares. Novas pesquisas arqueológicas forneceram evidências de que muito antes da invenção dos metais, antes da construção das pirâmides do Egito, antes das origens da agricultura e antes da explosão da arte rupestre paleolítica, o canibalismo já podia ser encontrado entre muitas pessoas diferentes, bem como entre muitos dos nossos antepassados.

    O canibal também foi objeto de fascínio na literatura antiga registrada por historiadores, teólogos e filósofos, e depois nos relatos de exploradores, mercadores e embaixadores durante a Era da Exploração da Europa. Pejorativamente, pessoas que habitavam terras distantes da dita “civilização” eram frequentemente retratadas como canibais: isto é, como estranhas criaturas semelhantes aos animais, dada a “ferocidade” atribuída aos ditos canibais. No século XX, os antropólogos descreveram o canibalismo como outro exemplo das muitas formas do comportamento humano, respondendo à questão dos motivos e significados de comer seres da mesma espécie. Algumas pessoas comeram os corpos de inimigos mortos durante a guerra, e algumas mataram e comeram feiticeiros que acreditavam ter lhes trazido morte e infortúnio. Outros consumiram os corpos de parentes falecidos em cerimônias mortuárias, expressando amor e tristeza por aqueles que perderam, um sentimento que nos une como seres humanos. A diversidade do canibalismo como prática, e dos contextos em que ocorreu, é evidente nas três regiões do mundo onde a prática recebeu mais atenção, nomeadamente Papua Nova Guiné, América do Sul e África.

    Uma nova abordagem ao canibalismo estendeu o significado do termo de ingerir outros para considerar os outros como alimento para o corpo, a mente e a alma. Esta noção mais ampla de canibalismo transmite uma compreensão muito mais ampla e sensível da natureza das relações humanas (Nyamnjoh, 2018.).

    Embora antigamente considerado um fenômeno raro e “anormal”, pesquisadores têm demonstrado que o canibalismo já foi uma prática não tão incomum entre os nossos antepassados. Relatos etnográficos de canibalismo normalmente vêm de evidências antropológicas de mutilação esquelética, como vértebras perdidas e esmagadas, abrasões e restos de ossos humanos cozidos.

    Pesquisadores também demonstraram que a ocorrência do canibalismo em sociedades humanas passadas pode ter sido uma rota de transmissão de doenças. Por exemplo, uma doença rara chamada Kuru foi encontrada entre quatro pessoas em Papua Nova Guiné como resultado da canibalização de um grupo de pessoas já mortas, como parte de um ritual fúnebre. Kuru é uma forma de encefalopatia espongiforme causada pela transmissão de príons, o que leva a sintomas como tremores e perda de coordenação motora devido à neuro-degeneração (Lindenbaum, 2008).

    Embora diversas formas de canibalismo têm sido reconhecidas, a maioria dos antropólogos concorda com a classificação de três principais tipos de canibalismo:

    O canibalismo ritual

    O canibalismo para sobrevivência

    O canibalismo patológico

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