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Danilo Baltieri

By: Danilo Baltieri
  • Summary

  • Danilo Baltieri é médico psiquiatra. Professor Livre-Docente pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente é Professor Assistente da Faculdade de Medicina do ABC, Coordenador do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da FMABC, Pesquisador do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas do Instituto de Psiquiatria da FMUSP (GREA-IPQ-HCFMUSP) e Coordenador do Ambulatório de Transtornos da Sexualidade da Faculdade de Medicina do ABC (ABSex). Tem experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas
    Danilo Baltieri
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Episodes
  • Canibalismo versus Vorarefilia – Uma Filigrana Acadêmica?
    Jul 28 2024

    O termo canibal, definido como comer a sua própria espécie, é um legado do encontro do genovês Cristóvão Colombo em 1492 com os caribenhos das Antilhas, que se dizia serem consumidores de carne humana. Etimologicamente, esse termo é derivado do espanhol (Caríbales ou Caníbales) para os Carib, uma tribo das ilhas do Caribe.

    Apesar de ser um termo originário após da “descoberta” da América, trata-se de um costume generalizado que remonta ao início da história humana. Estudos que documentam a prática do canibalismo entre não-humanos, identificados em mais de 1.500 espécies, levaram à distinção entre canibalismo humano e não-humano (Polis, 1981). O termo antropofagia (do grego, “comer homens”), é mantido para se referir ao consumo de humanos por outros humanos. Dito isso, o termo canibalismo é usado para descrever a prática humana e não humana (White, 2001).

    O canibalismo representa um comportamento tabu para muitas sociedades ocidentais, algo a ser relegado às outras culturas, a outros tempos e a outros lugares. Novas pesquisas arqueológicas forneceram evidências de que muito antes da invenção dos metais, antes da construção das pirâmides do Egito, antes das origens da agricultura e antes da explosão da arte rupestre paleolítica, o canibalismo já podia ser encontrado entre muitas pessoas diferentes, bem como entre muitos dos nossos antepassados.

    O canibal também foi objeto de fascínio na literatura antiga registrada por historiadores, teólogos e filósofos, e depois nos relatos de exploradores, mercadores e embaixadores durante a Era da Exploração da Europa. Pejorativamente, pessoas que habitavam terras distantes da dita “civilização” eram frequentemente retratadas como canibais: isto é, como estranhas criaturas semelhantes aos animais, dada a “ferocidade” atribuída aos ditos canibais. No século XX, os antropólogos descreveram o canibalismo como outro exemplo das muitas formas do comportamento humano, respondendo à questão dos motivos e significados de comer seres da mesma espécie. Algumas pessoas comeram os corpos de inimigos mortos durante a guerra, e algumas mataram e comeram feiticeiros que acreditavam ter lhes trazido morte e infortúnio. Outros consumiram os corpos de parentes falecidos em cerimônias mortuárias, expressando amor e tristeza por aqueles que perderam, um sentimento que nos une como seres humanos. A diversidade do canibalismo como prática, e dos contextos em que ocorreu, é evidente nas três regiões do mundo onde a prática recebeu mais atenção, nomeadamente Papua Nova Guiné, América do Sul e África.

    Uma nova abordagem ao canibalismo estendeu o significado do termo de ingerir outros para considerar os outros como alimento para o corpo, a mente e a alma. Esta noção mais ampla de canibalismo transmite uma compreensão muito mais ampla e sensível da natureza das relações humanas (Nyamnjoh, 2018.).

    Embora antigamente considerado um fenômeno raro e “anormal”, pesquisadores têm demonstrado que o canibalismo já foi uma prática não tão incomum entre os nossos antepassados. Relatos etnográficos de canibalismo normalmente vêm de evidências antropológicas de mutilação esquelética, como vértebras perdidas e esmagadas, abrasões e restos de ossos humanos cozidos.

    Pesquisadores também demonstraram que a ocorrência do canibalismo em sociedades humanas passadas pode ter sido uma rota de transmissão de doenças. Por exemplo, uma doença rara chamada Kuru foi encontrada entre quatro pessoas em Papua Nova Guiné como resultado da canibalização de um grupo de pessoas já mortas, como parte de um ritual fúnebre. Kuru é uma forma de encefalopatia espongiforme causada pela transmissão de príons, o que leva a sintomas como tremores e perda de coordenação motora devido à neuro-degeneração (Lindenbaum, 2008).

    Embora diversas formas de canibalismo têm sido reconhecidas, a maioria dos antropólogos concorda com a classificação de três principais tipos de canibalismo:

    O canibalismo ritual

    O canibalismo para sobrevivência

    O canibalismo patológico

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    35 mins
  • Infantilismo Parafílico versus Infantofilia
    Jul 23 2024

    Uma maneira de descrever o infantilismo parafílico é contrastá-lo com um fetiche por fraldas, e esse contraste é mais claro nas fantasias. Embora não exista uma fantasia AB (Adult Baby)/ DL (Diaper Lovers) típica, elas geralmente caem em dois extremos. Um extremo envolve a fantasia de ser um bebê ou uma criança pequena, adorável, sexualmente inocente e impotente. A fantasia infantil geralmente gira em torno de uma figura parental que trata o Adulto Bebê como um nenê e pode envolver fraldas, roupas de bebê e brinquedos para ajudar a definir o papel. No final, a criança pode adormecer num berço macio. Existem também formas menos extremas de infantilismo que são mais comuns, como o desejo sexuoerótico de ser cuidado e amamentado por uma “mama” sem necessariamente fraldas ou outros artigos para bebê. O outro extremo é o amante de fraldas eróticas. A fantasia do infantilista se concentraria nas fraldas como itens fetichistas, objetos sexualmente carregados de sinais da infância. A fantasia do Adulto Bebê terminaria em orgasmo e ejaculação.

    A maioria dos indivíduos que têm essas fantasias não procura tratamento. De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria (APA, 2003), se houver sofrimento ou prejuízo significativo por um período superior a seis meses, o infantilismo parafílico ou o fetichismo podem ser diagnosticados como Transtorno.

    Aqueles que tentam representar a fantasia infantil ou similares são chamados de Bebês Adultos (ABs). Isto pode envolver fraldas de tamanho adulto e roupas de bebê etc. Se o parceiro estiver disposto, eles podem participar de uma dramatização de pai/bebê, o que pode levar à dinâmica BDSM. O bebê adulto pode optar por não fazer sexo enquanto estiver no papel de bebê. Em contrapartida, os fetiches por fraldas são muito mais práticos. Podem envolver a adição de fraldas às atividades sexuais convencionais. Os Infantilistas Parafílicos são também conhecidos como Autonepiofílicos.

    Já os Nepiofílicos são conhecidos como Infantófilos. Os infantófilos são aqueles portadores de Pedofilia que apresentam fantasias, atividades, pensamentos e/ou práticas sexuais envolvendo crianças menores de 5 anos de anos de idade. Trata-se de uma das formas mais severas, se é possível assim dizer, de Pedofilia. As atividades são altamente criminosas e aqueles que padecem desse quadro devem procurar tratamento médico com urgência.


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    10 mins
  • Cetamina – Um Mal para a Nossa Época
    Jul 19 2024

    Nos Estados Unidos da América, a cetamina está disponível na forma de marca Ketalar desde a década de 70. A droga é usada para aplicações humanas e veterinárias. Encontra-se cetamina prescrita nas seguintes formulações: a) Líquido claro e incolor b) Spray nasal c) Pó esbranquiçado d) Injetável intravenoso

    A cetamina também é, infelizmente, utilizada de forma abusiva como droga recreativa para produzir efeitos eufóricos e/ou dissociativos. A cetamina é uma substância controlada nos Estados Unidos desde 1999. Conhecida por vários nomes de ruas – por exemplo, “Key”, “vitamina K”, “K especial”, “tranquilizante para gatos”, “jato” – a cetamina às vezes é ilicitamente usada para efeitos intoxicantes semelhantes aos causados pela Fenciclidina (Pó de Anjo). Os usuários descrevem “experiências fora do corpo” e sensação de “derreter com o ambiente” após o uso abusivo. A cetamina produz distorções das percepções de visão e som, além de uma sensação de desconexão, relaxamento e amnésia. Assim, às vezes, os usuários se sentem anestesiados e expectadores dos seus próprios ambientes e de si mesmos. Assim, os efeitos dissociativos da cetamina a tornam uma droga recreativa popular. A cetamina é reconhecida como tendo potencial para abuso e dependência física. As pessoas que usam essa substância relatam que os efeitos são “de curta duração e extremamente eufóricos, além de facilitarem as interações sociais, a tornam muito atraente”.


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