A Literatura E As Coisas

De: Márcio Scheel
  • Resumen

  • Espaço dedicado a compartilhar alguns dos meus cursos e aulas sobre literatura e teoria literária na UNESP (Ibilce - São José do Rio Preto)
    Márcio Scheel
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Episodios
  • Aula 11 - Experiência e narrativa. Odisseu como o primeiro contador de histórias.
    Sep 11 2024
    • Nesta décima primeira aula da disciplina de Teoria e Leitura Crítica da Narrativa, do curso de Licenciatura em Letras da UNESP (Ibilce, SJRP), penso, a partir de Walter Benjamin, sobre a relação entre a experiência, nas narrativas tradicionais, como uma forma de sabedoria prática para a vida, marcada por seu caráter de exemplaridade e, consequentemente, pelo modo como pode ser partilhada.


    • Trato, igualmente, da ideia benjaminiana de "desmoralização da experiência" no mundo moderno. Tal desmoralização se manifestaria de quatro modos mais ou menos conectados, a saber: 1. "pela experiência estratégica pela guerra de trincheiras"; 2. pela "experiência econômica pela inflação"; 3. pela "experiência do corpo pela fome" e 4. pela "experiência moral pelos governantes". Ainda usando a guerra como exemplo (ver Aula 10), explico a relação entre essas quatro formas de degradação da experiência e a narrativa.


    • Explico a diferença entre o contador de histórias (e seus dois tipos) e o narrador a partir do modo como o primeiro está para as narrativas orais (ligadas ao passado e à tradição de usar as histórias como veículos de comunicação de exemplos, princípios, ações, valores etc derivados da observação e da experiência concreta da vida), bem como o segundo está para a escrita (ou seja, aquelas narrativas que expressam a realidade moderna - industrial e berguesa - cuja característica ideológica marcante envolve a sensação cada vez mais acentuada de isolamento e desconexão do homem com o mundo).


    • Por fim, concluo a aula explicando por que Odisseu pode ser considerado o primeiro contador de histórias.


    • Outras referências mencionadas:

    1. Walter Benjamin. "Experiência e pobreza" e "O narrador"

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    1 h y 27 m
  • Aula 10 - Mundo heróico e mundo moderno, comunidade e sociedade, vivência e experiência
    Sep 4 2024
    • Nesta décima aula da disciplina de Teoria e Leitura Crítica da Narrativa, do curso de Licenciatura em Letras da UNESP (Ibilce, SJRP), trato das relações entre mundo heróico (o mundo das narrativas clássicas homéricas) e mundo moderno. A partir da análise do episódio de Glauco e Diomedes ("Ilíada", Canto VI, vs 1-236), considerando o modo como eles se encontram em meio à batalha, se reconhecem, descobrem que estão ligados, a partir de seus ancestrais, por laços de hospitalidade e desistem, por isso, de se enfrentar, discuto a diferença entre honradez, valores e tradições no mundo heróico de Homero e no mundo moderno, pois que, neste, já não há lugar para sentidos estáveis, destinos seguros e ações caracterizadas pela nobreza e pela distinção dos grandes gestos.
    • Desse modo, penso as relações entre Comunidade - forma de vida social característica do mundo heróico - e Sociedade - forma de vida social típica do mundo moderno. Assim, na Comunidade, temos uma organização social cujas relações entre os homens estão baseadas numa vivência comum, em interesses e tradições partilhados, bem como em valores homogênos. Na Sociedade, por sua vez, predomina uma forma de organização social cujas relações entre os homens são mediadas pelas instituições e que estão fundadas em grandes diferenças, nascidas, principalmente, de uma multiplicidade de interesses dispares, porque resultados de um processo de individuação que encapsula os sujeitos em suas próprias vontades.
    • Concluo a aula com um longo comentário, baseado nas ideias de Walter Benjamin, sobre o problema da experiência no mundo dássico e no mundo moderno. Distingo Erlebnis (vivência) de Erfahrung (experiência), explico como Benjamin compreende estes fenômenos e comento a clássica abertura de seu ensaio "Experiência e pobreza", de 1933, no qual ele apresenta a importância de contar histórias como uma forma de fixar e transmitir experiências.
    • Trato da degradação da experiência como forma de sabedoria da e para a vida, no mundo moderno, considerando o modo como já não parecemos disponíveis nem a ouvir nem a reconhecer uma autoridade qualquer advinda da tradição. Exemplifico esse problema com una breve discussão sobre "O gato preto", de Edgar A. Poe.


    • Outras referências mencionadas:

    1. Walter Benjamin. "Experiência e pobreza".

    2. Jeane-Marie Gagnebin. Entrevista ao portal "E. M. Cioran Brasil".



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    1 h y 53 m
  • Aula 09 - Odisseu, o herói solitário. Aquiles e Odisseu, temeridade e astúcia
    Sep 3 2024
    • Nesta nona aula da disciplina de Teoria e Leitura Crítica da Narrativa, do curso de Licenciatura em Letras da UNESP (Ibilce, SJRP), penso em como a "Odisseia" já representa uma narrativa focada na experiência singular de um herói pessoal (Odisseu), em sua jornada de regresso à casa, bem como apresenta a vida doméstica da nobreza homérica (Werner Jaeger), ao contrário da "Ilíada", na qual o protagonista (Aquiles) mal se diferencia da experiência e valores da comunidade a qual pertence.
    • Reflito, também, a partir da pergunta de uma aluna, sobre a relação entre predestinação, facticidade, destino e vontade na epopeia clássica e na variativa moderna. A questão colocada foi: "é possível, na narrativa moderna, explorar o motivo de predestinação de um modo que não envolva o elemento místico?" Procuro responder comentando, brevemente, como "O gato preto", de Edgar A. Poe, e "A cartomante", de Machado de Asses, lidam, em chave irônica, com a ideia de destino trágico, elaborando, respectivamente, a inevitabilidade e a previsibilidade do destino individual como elemento central de suas narrativas.
    • Ainda a partir de uma questão levantada por uma aluna, diferencio, brevemente, a predestinação do herói clássico, preso na rede trágica do destino, e o determinismo, social e econômico, sobretudo, como fundamento das relações, desejos e ações das personagens em certas narrativas modernas. Do mesmo modo, busco esclarecer que nem todo determinismo implica num anel de ferro inevitável para as personagens, além de que a predestinação depende da dimensão mística, ao passo que o determinismo moderno é materialista.
    • Ilustro a discussão sobre o determinismo a partir de um exemplo apontado por um aluno: o romance "1984", de George Orwell.
    • Por fim, analiso Odisseu como símbolo da curiosidade humana e esta como vontade de saber, isto é, o núcleo de nossa aspiração ao conhecimento. Explico como, de acordo com Jean-Pierre Vernant, em "O universo, os deuses, os homens", Odisseu foi empurrado para o "Oikoúmenos", os limites do mundo não humano, não civilizado, desconhecido, e como Odissen se dispõe a aprender com esse novo mundo, inclusive temerariamente, arriscando a si e sua tripulação nesse processo.


    • 0utras referências mencionadas:

    1. Edison Banani Jr. "O labirinto de Dédalos. A ideia de mundo como horizonte da existência".

    2. Richard P. Martin. "Apresentação". (à tradução da "Odisseia", de Christian Werner, publicada pela Cosac Naify).


    • Errata: quando me refiro ao contramestre e segundo em comando de Odisseu, chamo-o de Antíloco, um erro, claro, já que este era, na "Ilíada", o filho de Nestor, rei de Pilos, e morreu defendendo o pai durante uma retirada da batalha. 0 ajudante de Odisseu é Euríloco, conselheiro duvidoso e um dos responsáveis por fazê-los aportar na ilha de Hélios e sofres a desastrosa consequência de matarem seus bois.
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    1 h y 46 m

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